Karina se sai bem longe do Comadre Fulozinha - Cia de Foto

Longe do Regionalismo

Redação Publicado em 10/03/2010, às 08h19 - Atualizado às 14h37

Karina Buhr

Eu Menti pra Você

Independente

No ano passado, quando a comadre fulozinha lançava Vou Voltar Andando, seu terceiro álbum, Karina Buhr já se preparava para seu primeiro trabalho solo. Eu Menti pra Você prescinde das cirandas, cocos e maracatus da banda pernambucana que ela fundou e leva em frente até hoje. Karina concentrou a polivalência de percussionista, cantora, compositora, ilustradora e atriz – já cedida a nomes inspiradores, como a banda Eddie, o DJ Dolores ou a Companhia de Teatro Uzyna Uzona – num disco que flerta com diversos estilos de uma maneira dissimulada, branda e obtusa, conferindo a única certeza de um trabalho autoral até o talo. Na faixa-título, que abre o CD, com uma voz calminha ela chega avisando que é uma pessoa má. Difícil de crer. Até mesmo quando diz que a “fúria odiosa já tá na agulha” em “Esperança Cansa”, permeando caracaxá e gonguê em bases eletrônicas, ou na balada linda e torta que é “Mira Ira”. São várias personas de Karina Buhr, acompanhadas por uma banda nova: Mau no baixo, Bruno Buarque na bateria, Dustan Gallas nos teclados e Guizado no trompete. As guitarras, quando aparecem, são de convidados especiais: Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, e Edgard Scandurra. Autora e personagens se confundem em faixas como “O Pé” ou “Bem Vindas” (que tem como destaques o piano e a sanfona de Marcelo Jeneci) e “Avião Aeroporto”, que tem em seu bojo motivos musicais únicos e interessantes. Uma bela e promissora estreia.

José Julio do Espirto Santo

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