Stephen Malkmus and the Jicks
PABLO MIYAZAWA
Publicado em 13/10/2011, às 15h35 - Atualizado em 14/10/2011, às 15h01Herói indie alcança a meia idade com álbum acessível, mas nada óbvio
Com Mirror Traffic, é justo afirmar que os cinco álbuns de Stephen Malkmus (com os Jicks) são mais consistentes do que toda a discografia do Pavement. A proeza nem é tão rara, uma vez que os trabalhos derradeiros do grupo mais venerado do indie rock pecavam pela irregularidade. Outro detalhe pouco mencionado: os caras do Pavement jamais estiveram em um nível técnico que correspondesse às expectativas de Malkmus, o guitarrista mais subestimado de sua geração, conhecido pelas tendências à música complicada e aos caminhos pouco óbvios. Com 15 faixas, o álbum produzido sem interferências por Beck Hansen poderia ser mais enxuto, mas até os excessos fazem parte do show de Malkmus. Tem pop torto e irresistível (“Tigers”, “Senator”, “Stick Figures in Love”), lindas baladas melódicas (“No One Is (As I Are Be)”), jams prog-esquizofrênicas (“Spazz”) e muito mais. Aos 45, pai de família e grisalho, Malkmus se encontra em óbvia ascendência, mas quer distância do tal “auge criativo”, como se não tivesse pressa em revelar seu infinito repertório de melodias desleixadas, riffs oblíquos e lirismo abstrato. Nessa toada, devagar e sempre, ele deverá conquistar (por merecimento) um espaço no panteão dos ícones do rock and roll. E a hora irá chegar, ainda que leve uns anos.
Fonte: Matador