Vampire Weekend
Pedro Antunes
Publicado em 07/06/2013, às 17h18 - Atualizado às 17h20Banda de Nova York muda tudo para se embrenhar na maturidade
O tique-taque fantasmagórico de um relógio surge depois do primeiro minuto de “Hudson”, 11ª faixa de Modern Vampires of the City, terceiro disco do Vampire Weekend. A penúltima e mais chocante canção do álbum é uma trilha sonora gótica e cinzenta, enevoada por um coral e acompanhada por uma bateria marcial de um cenário pós-guerra, com veteranos retornando alheios à realidade, perdidos nas “ilusões sem fim” e atormentados pelo tempo que insiste em correr. É o contraponto de tudo aquilo que eles já fizeram, uma canção distante de toda a luminosidade de Vampire Weekend (2008) e Contra (2010). Como na própria capa do disco, a cidade cosmopolita também é cinza, opaca e angustiante. O Vampire Weekend enfim encarou a maturidade e as desventuras da vida adulta. Uma jornada que se inicia em “Obivious Bicycle”, primeira faixa do disco, cuja cadência escancara a melancolia: “Passaram-se 20 anos e ninguém disse a verdade”, canta Ezra Koenig. “Eu não estou animado, mas deveria?”, questiona ele em “Unbelievers”. São os tormentos de jovens próximos aos 30 anos que fazem de Modern Vampires of the City um grande álbum. O Vampire Weekend deixou aquela antropofagia musical dos dois trabalhos anteriores para se afundar em timbres próprios, menos coloridos, mas mais pessoais e experimentais.
Fonte: XL Recordings / LAB 344