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Mudança Fora de Hora

Redação Publicado em 13/03/2009, às 08h53 - Atualizado às 08h54

Chris Cornell

Scream

Interscope/Universal

Transmutação sonora do vocalista não trouxe os resultados esperados

É preciso ter coragem para fazer o que Chris Cornell fez: abandonar o som dos lendários Soundgarden e Audioslave,

recomeçando em uma carreira de música pop. Claro que a carreira solo do cantor sempre ficou naquela linha fi na entre o aceitável e o detestável, o que mostrava certa indecisão. Agora Cornell escolheu: tirou quase tudo que remetesse ao rock de seu som e substituiu por batidas eletrônicas - daquelas estilo pop FM, que podem servir de base tanto para as Pussycat Dolls quanto para a Madonna. Timbaland (com a ajuda de J-Roc e Jim Beanz, parceiros comerciais do produtor), claro, foi o encarregado de capitanear a mudança. É altamente improvável que os fãs antigos passem da primeira faixa de Scream, "Part of Me" - que abre com uma voz distorcida e parte para Cornell emulando um Justin Timberlake gritão. A primeira guitarra audível só vem no final de "Get Up", quinta faixa do trabalho. Timberlake, aliás, canta em "Take Me Alive", que ele ajudou a escrever, mas passa quase imperceptível. O maior problema da nova sonoridade de Chris Cornell é a voz, que depois de anos acompanhada por guitarras sujas simplesmente não combina com o esquema "batidas por minuto". Tanto que em vários momentos, inclusive na faixa-título, parece haver duas músicas distintas - uma na melodia vocal e outra nos beats. O único respiro vem em "Two Drink Minimum", a última canção do CD, parceria com John Mayer, de pegada blueseira e sem bobagens eletrônicas oportunistas. Simpática, mas não o suficiente para fazer com que as 13 anteriores sejam suportáveis.

Paulo Terron

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