mundo livre s/a
JOSÉ JULIO DO ESPIRITO SANTO
Publicado em 09/12/2011, às 12h10 - Atualizado às 12h17Sem concessões, banda pernambucana segue sua trajetória peculiar
O mundo livre s/a sempre teve um destino ambíguo, desses que rondam bandas erráticas, mas geniais. Foi pioneira do manguebeat – a última cena de importância na música brasileira –, mas nunca gozou de um merecido sucesso comercial. O cavaquinho como instrumento central numa banda de arcabouço punk era tão curioso e ousado no final do século passado quanto obtuso a roqueiros tacanhos. Letras que falavam de realidade virtual e zapatistas em melodias da estirpe de Jorge Ben também não diziam respeito a sambistas puro-sangue. O grande público foi digerindo tudo isso aos poucos. Lá se vão 27 anos de banda e Novas Lendas da Etnia Tosh Babaa ainda segue o manifesto dos Caran guejos com Cérebro. “O Velho James Browse Já Dizia”, pronta para o Carnaval de 2012, junto com “Cabôcocopyleft” e a releitura “A Fumaça do Pajé Miti SUBiTXXiii” (surgida na coletânea Combat Samba – E Se a Gente Sequestrasse o Trem das 11?, em 2008) perpetuam o som do mangue. As musas que habitam todos os discos da banda também povoam o novo trabalho, seja em “Eduarda Fisssura do Átomo”, ou “Constelação C.A.R.I.N.H.O.C.A. 7.3.2.4.”, com o fraseado de BNegão, ou ainda “O Varão e a Fadinha”, com voz de Silvia Machete. O leque de estilos é aberto com o “Soneto do Envelhecido sem Pretexto” (um trecho darkwave tirado da trilha sonora do espetáculo de dança 5 Minutos para Blackout, criada por Fred Zero Quatro) e o wonky pop descarado de “Se Eu Tivesse Fé/Fucking Shit”. Os velhos mangueboys continuam a ousar.
Fonte: Coqueiro Verde