Old Ideas

Leonard Cohen

MÁRVIO DOS ANJOS

Publicado em 13/02/2012, às 10h47 - Atualizado às 10h50
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A paixão opressora, a busca espiritual, a carnalidade: aos 77 anos, revestido de autoridade, prêmios e (mais) maturidade, Leonard Cohen revisita obsessões no 12º álbum, Old Ideas, oito anos após o último de inéditas, Dear Heather. Com elegância e bem-vinda economia nos arranjos, o canadense exuma o conceito de canção enquanto forma poética para a era dos hits que cabem no Twitter. O museu das ideias se abre com “Going Home”, e lá estão versos prontos para a lápide do canadense: “Ele quer escrever uma canção de amor/ um hino sobre perdão/ um manual para conviver com a derrota”. Aí surge “Amen”, que martela a frase “Tell me again” para falar de remorso e vingança – a faixa remete a “Everybody Knows”, de I’m Your Man (1988). Cohen usa honestidade e graves profundos para suplicar em “Show Me the Place”, e comove no gospel tingido de masoquismo – a fé ainda voltará, com mais luz, em “Come Healing”. Mas é no franco acerto de contas com o desejo que surgem os momentos à altura de Songs of Love and Hate (1971). “Darkness” espreme rancores num blues esfumaçado, enquanto “Anyhow” desce ao mais baixo degrau de um sacerdote do “cool” – algo como Mastroianni na sarjeta. Quando “Different Sides”, sobre um casal em crise, fecha a porta dos fundos do antiquário, uma última velha ideia desafia nosso presente: “Você quer mudar meu jeito de fazer amor/ Mas eu quero deixar como está”.

Fonte: Sony

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