Mallu
MARIANA TRAMONTINA
Publicado em 07/11/2011, às 11h55 - Atualizado às 12h04Cantora se entrega ao amor, às sutilezas e à brasilidade
Pouco sobrou das batidas folk e da influência da música norte-americana. O inglês aparece diluído em canções bilíngues em que sobressai o português. As temáticas quase infantis deram espaço para questões que começam a abalar o universo até então ingênuo de uma jovem de 19 anos. Mallu deixou de lado o sobrenome Magalhães e agora aborda a complexidade da vida a dois em um disco que é também uma carta de amor. Em Pitanga, a terceira etapa de sua discografia, Mallu abre as portas para uma brasilidade de bossas, sambinhas e “morenos” em suas letras. Impressiona a facilidade com que expressa seus sentimentos em palavras (como na intensa “Por Que Você Faz Assim Comigo”), encaixando-as em belas melodias construídas em violão. A voz de Mallu, no entanto, ainda é delgada, mas soa mais segura dentro de suas limitações, sem entrar em terrenos desconfortáveis. Ela até explora novos agudos, como em “Sambinha Bom” (um de seus melhores momentos), mas os gritinhos de antigamente foram emudecidos. A sutileza das composições é adornada pelo trabalho artesanal do marido, Marcelo Camelo, nos arranjos, criando texturas suaves que enchem os ouvidos. Isso ajuda Pitanga a soar quase como um disco irmão do Toque Dela de Camelo. Da valsinha com refrão “ritaleeano” de “Velha e Louca” à inebriante “Cais”, as 12 faixas – poucas ultrapassam os três minutos de duração – correm sutis, algumas vezes com certa morosidade, mas com Mallu mais serena e definindo-se como uma das artistas nacionais mais interessantes do momento.
Fonte: Sony