Combo X
José Júlio do Espírito Santo
Publicado em 09/08/2013, às 10h58 - Atualizado às 11h03Percussionista da Nação Zumbi faz referências ao manguebeat em álbum de estreia
De todos os projetos paralelos que os integrantes da Nação Zumbi engendraram, o mais recente, Combo X, é o que mais carrega a tradição do manguebeat. Gilmar Bolla 8 faz valer os dogmas dos primórdios de sua banda principal. Ouvir A Ponte, primeiro álbum em que Bolla 8 deixa a alfaia de lado para assumir o comando dos vocais, é, em grande parte, rememorar Chico Science & Nação Zumbi. Faixas como “Rei Urbano” e “Rua do Condor” funcionam como homenagens implícitas ao antigo parceiro e pontuam versos com referências sociogeográficas. Peixinhos, Rio Doce e várias quebradas de Olinda pouco familiares ao público forasteiro ganham um encanto es- pecial quando o Combo X coloca em música o modus vi- vendi de lá. Bolla 8 demorou para gerar o trabalho, mas conseguiu aliar amizades antigas, como BiD, que coproduziu Afrociberdelia, e Bactéria, antigo integrante do Mundo Livre. Há momentos fascinantes, como em “Ciranda” e as cordas que fizeram fama no Cordel do Fogo Encantado com Clayton Barros (atualmente na banda Os Sertões). E em “Vou de Trem”, hit instantâneo se o mercado musical fosse algo sensato. Como as genuínas listas de melhores do ano costumam não se importar para previsões mercadológicas, há boas chances de A Ponte figurar em muitas delas em 2013.
Fonte: Independente