Radiohead
Gabriel Nunes
Publicado em 17/06/2016, às 14h27 - Atualizado às 14h38Quinteto volta mais acessível, mas ainda melancólico
Distanciando-se do hermetismo do antecessor, The King of Limbs (2011), e do cubismo sonoro com que foi concebida parte de sua discografia, o Radiohead oferece A Moon Shaped Pool como uma ode à fragilidade da condição humana. O trabalho oscila entre extremos. Em apenas um movimento, passamos do acalanto etéreo de “Daydreaming” à profecia apocalíptica de “Decks Dark”. Da contemplativa “Desert Island Disk” – cujo violão remete aos dedilhados de Nick Drake – o ouvinte cai desorientado no tétrico krautrock de “Ful Stop”. Já em “Glass Eyes”, o arranjo orquestral de Jonny Greenwood chega pontual, camuflando a crueza das palavras de Thom Yorke, que murmura roucamente sobre a inevitabilidade do fim do amor.
Ao fechar com “True Love Waits”, o quinteto transforma uma antiga balada acústica do grupo em uma ferida exposta. Embora não seja um disco conceitual, ele apresenta uma linha poética e melódica bastante coesa e delineada. Ao longo das 11 faixas, organizadas por ordem alfabética, o Radiohead alterna desespero e melancolia inquietantes, em um trabalho que contém em si a profundidade das três décadas de existência do grupo.
Fonte: XL Recordings