Som Líquido

Redação

Publicado em 04/02/2011, às 15h31 - Atualizado às 15h31
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- Divulgação

Naná Vasconcelos

Sinfonia & Batuques

Independente

Percussionista se inspira na água para criar disco diversificado e repleto de referências

Uma apresentação ao vivo de naná vasconcelos pode ter forte impacto na sua imaginação. Como um xamã músico, o pernambucano mexe com o ouvinte. Sua música pode transportá-lo para um rio em dia de chuva. É fechar os olhos e imaginar cenas e situações. Esse poder para 12 faixas de um CD. No 16º disco solo do músico, o poder da água foi decisivo, o principal mote para a criação das canções. A mais bonita do álbum, “Batuque nas Águas – Aquela do Milton” é uma canção instrumental com uma belíssima flauta – tocada por César Michiles – e toda a marcação percussiva feita com tapas espalmados em um espelho d’água. Tem também “Lamentos”, com a mesma percussão líquida. Ela impressiona: Naná disse que ao criar esta canção, imaginou o que os escravos ouviam no porão do navio além das águas batendo no casco. A faixa “Sinfonia e Batuques”, que dá nome ao disco, é também de um suspense angustiante. O piano vai conduzindo a canção que passa por várias levadas como maracatu e frevo. A sexta faixa, a instrumental “Pedalando”, tem um teclado todo moderninho tocado pela filha de Naná, Luz Morena, de apenas 11 anos. O samba também aparece em “Pra Elas”, uma ode às mulheres e em “Santa Maria”, guiada pelo cavaquinho. A única faixa que parece desconectada do resto do CD é a primeira, “Menininha Mãe” com um coral infantil, mas que nada compromete o brilho e a beleza de um álbum feito com tanto sentimento. Nem sempre lembrado, Naná continua um mestre no que faz e sua versatilidade sempre surpreende.

PEDRO HENRIQUE DE ARAÚJO

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