Bob Dylan
Paulo Terron
Publicado em 22/10/2012, às 17h05 - Atualizado às 17h07Aos 71 anos, o festejado ícone continua determinado a surpreender seu público
A esta altura, uma coisa está bem clara: Bob Dylan vive em um tempo próprio e não se preocupa muito com o mundo externo. Isso já justificaria a inclusão, neste disco, de duas canções sobre fatos históricos temporalmente distantes: o naufrágio do Titanic, em 1912, e o assassinato de John Lennon, em 1980. Ele se diz um tradicionalista na arte folk de recontar tragédias – e alterando-as no meio do caminho, como faz na narrativa de quase 14 minutos sobre o navio “inafundável”, “Tempest”, que coloca história ao lado de ficção (e cita até Leonardo DiCaprio, astro do filme Titanic); já “Roll On, John” brinca com referências sonoras da carreira solo de Lennon e cita pequenos trechos das letras “A Day in the Life” e “Come Together”, dos Beatles, transformando tudo em homenagem, quase declamada na voz cada vez mais gasta e, por que não, dramática de Dylan. Mas no trabalho também há espaço para “Duquesne Whistle”, de andamento alegre que quase – só quase – obriga o músico a se esforçar para cantar melhor, assim como a balada “Soon After Midnight” – esta última certamente uma das melhores performances vocais de Dylan nas últimas décadas.
Fonte: Sony