Angela Joenck Pinto Watt Publicado em 14/09/2018, às 13h21
Um conceito curioso: um disco no qual cada música começou como uma carta escrita pelo e para o próprio artista, como um método para lidar com a ansiedade e a depressão. Essa é a ideia por trás de When Was The Last Time, de Daniel Meade, lançado pela Button Up Records e ainda inédito no Brasil.
O lançamento marca uma mudança sonora significativa para Meade. Conhecido por um estilo que flerta com o country, neste álbum ele faz uma mistura saudável de rock psicodélico, folk e até pop, com um toque de som celta. Curiosamente, apesar do esforço para se distanciar da sonoridade antiga, o primeiro single do disco, "Oh My, My Oh", foi direto para a parada Country no número 10. Em compensação, dá para ouvir a influência distinta dos Beatles nas harmonias e na escolha de acordes, bem como nos backing vocals no estilo Electric Light Orchestra, além de guitarras que lembram os Byrds.
O artista gravou o álbum ao longo de quatro semanas e tocou todos os instrumentos, com exceção da bateria. A falta de tempo é compreensível: Meade está constantemente na estrada, seja se apresentando sozinho, tocando teclados e banjo para o Ocean Colour Scene ou como músico de apoio para artistas como Diana Jones e Old Crow Medicine Show. No entanto, para um processo de gravação tão rápido, o resultado é surpreendentemente polido.
Os destaques vão para a cativante "Nothing Really Matters", marcada por riffs de guitarra e ritmo pulsante, e "The Day the Clown Stopped Smiling", que lembra as melhores canções dos Travelling Wilburys. Outro bom momento é a despojada "So Much for Sorrow", que tem um aspecto quase esotérico graças a um eco pesado na voz de Meade.