Cinema Underground Vol. 1 -

Cinema Underground Vol. 1

Redação Publicado em 11/10/2007, às 19h02 - Atualizado em 12/10/2007, às 10h47

Cinema (dor de) cabeça

Dos anos 60 até o início dos 70, o cinema atingiu ousadia formal e abstração que só foram alcançadas pela música anos depois. A principal influência aqui vem da vanguarda das artes plásticas, origem de Andy Warhol e Derek Jarman, e de Brion Gysin, colaborador e influência do escritor William Burroughs. Há nestes sete discos dois tipos de registro. I a Man (1967), de Warhol, é o mais próximo de um filme que você veria numa sala (mais ou menos) convencional. Depois de quatro anos rodando obras minimalistas como Empire e Sleep - dois filmes de oito horas de duração cada, que só mostram: a) o topo do Empire State Building; b) um cara dormindo; - Warhol havia começado, por influência de Paul Morrissey, a se aproximar de narrativas mais habituais. Este seu primeiro filme hetero mostra um homem atraente, porém confuso e antipático, na conquista de e intimidade com várias mulheres, quase sempre num clima frustrado - e frustrante. Essa é a graça. A melhor cena é a do fora que ele leva da lésbica radical Valerie Solanas, a mesma que um ano depois tentou matar Warhol com um tiro. Também de Warhol há My Hustler (1965), drama irônico sobre prostituição masculina; The Velvet Underground and Nico (1967), uma jam barulhenta interrompida após uma hora pela chegada da polícia; e Vinyl (1965), espécie de performance sadomasô sobre o texto de Laranja Mecânica, que depois seria filmado por Stanley Kubrick. No outro extremo (não) narrativo vem The Cut-Ups (1966), 20 minutos de imagens e falas descontínuas e obsessivas, seguindo a linha de criação aleatória que Burroughs e Gysin aprenderam com os surrealistas. O diretor Balch captura o clima de "fantasmagoria tecnológica" tão caro a Burroughs, em cinco médias e curtas, incluindo Ghost at no 9 (1963-1972), que compila tudo que eles filmaram. Finalmente, a antologia em Super 8 de Jarman (1971 a 1994) fica a meio caminho. É tão arrojada quanto Burroughs, e tão próxima do pop experimental quanto Warhol (Brian Eno, Psychic TV, Throbbing Gristle). Mas vem impregnada de uma doçura onírica e de um intimismo que pareciam aumentar conforme o pintor e cineasta inglês se aproximava da morte, em 1994. Só não ganha cinco estrelas porque não é um prato nada digestivo.

Por Alex Antunes

Documentário

Magnus Opus

01

12

2006

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