Redação Publicado em 06/05/2011, às 15h15 - Atualizado em 26/12/2011, às 15h03
Filme sobre piloto junta jornalismo investigativo e emoção
Refletir sobre a devoção que o brasil dedicava a Ayrton Senna traz à tona um sentimento “tão anos 90”. Sua morte abrupta, ao vivo e em cores, em 1º de maio de 1994, encerrou um culto sem precedentes e deixou órfã uma nação carente de ídolos e boas notícias. “Ele era o que o Brasil tinha de bom”, lamenta uma fã em certo momento de Senna, o documentário. Habilmente construída com depoimentos em off, trechos de corridas (algumas narradas por Galvão Bueno) e – as cerejas do bolo – cenas de reuniões de pilotos, pinçadas dos arquivos secretos da Fórmula 1, a obra é um documento de impacto, que tira do limbo detalhes que a memória pública deixou passar. Um de seus méritos, aliás, é escancarar os bastidores do esporte, com sequências que detalham a rivalidade tragicômica de Ayrton e Alain Prost e a relação desgastada com o presidente da FIA, Jean-Marie Balestre. Algumas cenas são de natureza tão absurda que parecem forjadas. O fator melodrama, óbvio, está presente: é indescritível a agonia de se acompanhar as silenciosas horas finais de Senna na garagem da Williams ou sua última volta pelo circuito de Imola de dentro do cockpit, sabendo como se dará o desfecho. Senna, porém, se dá ao luxo de ser fidedigno e emocionante sem apelações baratas, graças à narrativa habilidosa construída por Asif Kapadia, que privilegiou os bastante questionáveis depoimentos do próprio Senna – o objeto de estudo, portanto, relata os capítulos de sua própria saga trágica. Mais do que a história de um ícone, Senna é um agridoce passeio por bons tempos que os brasileiros não viverão mais.
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