A Festa da Menina Morta

Redação Publicado em 11/06/2009, às 15h38

Matheus Nachtergaele

Daniel de Oliveira, Jackson Antunes

Retrato impiedoso do Brasil marca estreia na direção de ator

É muito segura a estreia na direção de cinema do ator Matheus Nachtergaele. Percebe-se o que ele quis contar e construir em A Festa da Menina Morta, e seus parceiros, que estão entre os principais profissionais em atividade no cinema brasileiro, atestam isso. A começar pela interpretação de Daniel de Oliveira (que já foi Cazuza e filho de Zuzu Angel), que carrega muito do histrionismo típico do Matheus ator. Ele é Santinho, um jovem mimado e andrógino que protagoniza o fanatismo religioso de uma comunidade ribeirinha no Amazonas, cuja fé concentra-se na imagem de uma menina morta há 20 anos. O diretor coassina o roteiro com Hilton Lacerda, uma escolha evidente, já que este participou também de Amarelo Manga e Baixio das Bestas, duas obras de Claudio Assis com as quais A Festa... guarda fortes semelhanças. Além disso, a primorosa fotografia de Lula Carvalho remete também ao universo disfuncional e sombrio de Feliz Natal, produção contemporânea que marcou por sua vez a estreia de Selton Mello na direção. Esse retrato determinista e sufocante é carregado de dor, raiva e frustração. Não é agradável de ver, mas é muito Brasil.

CHRISTIAN PETERMAN

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