Trintignant e os dilemas sobre a morte -

Amor

Michael Haneke

Érico Fuks Publicado em 11/01/2013, às 17h21 - Atualizado às 17h22

Filme aborda de maneira fria e concisa o tema da inevitabilidade da morte

não são poucos os filmes que tratam da morte com um falso peso doloroso e, para tornar o tema um pouco mais palatável, abusam de recursos apelativos, como flashbacks, músicas tristes e excessos cromáticos. Amor, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes 2012, assume o risco de ir pelo caminho inverso ao retratar a finitude da vida da maneira mais crua, fria e realista possível. Mais introspectivo do que grandiloquente, o filme centra no octagenário Georges diante do sofrimento e da degeneração de sua esposa, Anne, após um derrame. O diretor Haneke, coerente na economia e no distanciamento emocional, dispensa o aconchego melódico da trilha sonora de fundo e traz interferências mínimas do ambiente externo da casa. As visitas da filha incitam o conflito não só pela dureza dos diálogos mas também pela ruptura da reclusão mórbida. Uma pomba que entra pela janela está longe de simbolizar a paz, pelo contrário. Ela é o tormento, representando em sua ingenuidade animal o incômodo da vida.

Elenco: Jean-Louis Trintignant e Isabelle Huppert

Leia também

Custódia


A Noite Devorou o Mundo


Todo Dia


Hereditário


Oito Mulheres e um Segredo


As Boas Maneiras