Redação Publicado em 12/10/2007, às 16h01
Retratos cotidianos
Não existe um cinema que tenha aproveitado mais as idiossincrasias da classe média contemporânea e seu cotidiano do que o novo cinema argentino. Desde a crise econômica que arrasou o país, o cinema cresceu em número, qualidade e tapetes vermelhos internacionais. Dentre todas as artes, foi a escolhida para digerir os problemas engasgados de um país que se mediu no espelho da Europa por anos, mas que, no fundo, sempre se soube latino. O diretor Daniel Burman é um grande nome dessa geração de histórias mínimas, e com As Leis de Família encerra uma trilogia sobre as relações familiares depois de Esperando o Messias (2000) e Abraço Partido (2004). O filme fala de uma dupla construção da figura paterna: a de um jovem que questiona seu papel de filho quando passa a ser pai. Ariel Perelman Filho, advogado e professor de direito casado com uma ex-aluna e instrutora de pilates, passa a observar o pai, talvez para entender por que ele parece muito mais vivo e menos cinza do que ele mesmo. Depois de se descobrir doente, Perelman Pai estreita os laços com o filho, que repensa - em offs ácidos e cômicos - o que deseja ser para a sua própria família. Ainda que a equação de pequenezes pareça repetitiva, o filme refresca o mainstream através da simplicidade, que é o que este novo (ou já velho) movimento propõe. Mais uma vez, os vizinhos revivem o cinema de autor feito por pessoas inteligentes, e não há rasgos mais claros de inteligência do que a capacidade de se ver desde fora e não se levar muito a sério.
Por Diana Assenato Botello
Daniel Hendler, Arturo Goetz e Adriana Aizemberg
Daniel Burman
12
08
2007
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