OS SIMPSONS -

OS SIMPSONS

Redação Publicado em 12/10/2007, às 16h11

Não tem como dar errado passar 90 minutos no cinema com personagens animados que fizeram a TV dar um salto astronômico de qualidade. Durante quase duas décadas, essa família de Springfield que não bate muito bem, desenhada em amarelo e destilando sua cômica irreverência, vem nos mantendo naquele estágio de euforia em que você quer sair gritando "u-huuu"! Então, por que saí do filme me sentindo entretido, porém frustrado? As expectativas são parte do problema. Como você agrada fãs radicais - eu inclusive - que contemplam os últimos 400 episódios como se fossem as Sagradas Escrituras? Quanto aos novos espectadores que nunca se preocuparam em assistir ao programa e não sabem distinguir Krusty, o Palhaço, do Apu, sinceramente, não estou nem aí. O maior problema tem a ver com embalar o filme em um véu de segredo comparado ao último livro do Harry Potter. Quero dizer, o Homer morre? A Margie o mata? Se o filme dos Simpsons pudesse nos observar furtivamente nessas conjecturas e fosse esse um episódio a ser apreciado em um novo formato, o nirvana teria sido atingido. Ei, funcionou com a versão para o cinema do South Park. Mas este filme tem que ser encarado como um evento. Nada de pré-estréias. Nenhum vazamento. Aí você o assiste, com o coração acelerado. O que você ganha? Sem entregar muito, é um filme do Al Gore com piadas. O diretor David Silverman, um veterano de Simpsons, aponta seus dardos de sátira para políticos, religião, celebridades e suas ostentações. A poluição no lago de Springfield - um depósito de lixo para os freqüentes descarregos intestinais do porco de estimação de Homer - aponta para um problema global. Lisa, a filha Simpson, sagazmente chama aquilo de "uma verdade irritante". O núcleo principal dos personagens da TV está todo presente - Homer, a esposa, Margie, o filho, Bart, e as filhas Lisa e Maggie - mas outros favoritos só aparecem em pequenas pontas. Qualquer devoto de verdade dos Simpsons sabe que Springfield está lotada de grandes personalidades. A queda homossexual de Smithers pelo Sr. Burns merece um filme próprio. Estou sendo injusto? Pode apostar. Filme nenhum poderia resumir o mundo dos Simpsons. Mas este parece estar incompleto e abaixo do seu potencial, ainda buscando um motivo real para existir, além de aumentar os lucros de uma franquia já bastante gorda. O Homer até brinca que só um trouxa paga para ver um show que se pode ver de graça na TV.

Por Peter Travers

Animação/Desenho

12

08

2007

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