Pedro Almodóvar
ÉRICO FUKS Publicado em 08/11/2011, às 11h26 - Atualizado às 11h40
Diretor revisita antigo estilo narrativo e costura sua visão pessoal da sociedade moderna
Parece um filme antigo de almodóvar: o clima noir, com diálogos secos e cenas em ambientes fechados, o exagero kitsch, o tom de mistério e suspense e, principalmente, a volta de Antonio Banderas ao elenco. Ao mesmo tempo, parece um dos filmes recentes do diretor: a valorização estética por meio da hipérbole das cores e dos planos mais longos sobre as superfícies. Pedro Almodóvar deixa claro que está se reinventando eA Pele Que Habito é um exemplo simultaneamente recatado e alegórico desse paradoxo futurista com ar retrô. Baseado no livro Tarantula, de Thierry Jonquet, o filme conta a história do cirurgião plástico, Dr. Robert Ledgard, que mantém uma paciente refém em seu laboratório particular servindo de cobaia para experiências no desenvolvimento de uma pele artificial. Embora tenha uma aparência epidérmica, o diretor dá um sentido profundo ao filme, estabelecendo paralelos entre a operação cosmética e as confusões psicológicas dos protagonistas. Essa dissecação da carne para atingir questões mais existenciais é percebida nos trabalhos de David Cronenberg, talvez uma fonte de inspiração. Almodóvar usa o cinema como bisturi de sua arte: é na delicadeza de suas suturas que se revelam as brutalidades humanas.
Elenco: Antonio Banderas e Elena Anaya
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