Fassbender se despe para discutir a frieza dos tempos modernos - divulgação

Shame

Steve McQueen

ÉRICO FUKS Publicado em 09/03/2012, às 13h56 - Atualizado às 13h59

Sexualidade é usada para mostrar o distanciamento das relações humanas

Desde o início de Shame, o diretor Steve McQueen deixa o protagonista bem à vontade em cena. O close no nu masculino, entretanto, em vez de chocar, cria contrastes e traz dúvidas no lugar de certezas. Quanto mais a câmera em close percorre as curvas do corpo, mais abre espaço para divagações sobre a solidão. Michael Fassbender, em uma impressionante atuação sem excessos, faz o papel de Brandon, um viciado em sexo e pornografia, mas que não consegue manter um relacionamento estável. Ao abrir mão do erotismo e intensificar o aspecto psicológico depressivo dos personagens, o diretor traz à luz outra questão. Enquanto o discurso das potências vende uma sociedade cada vez mais conectada, o filme destrói esse paradigma e traz um cenário de pessoas isoladas em sua apatia e suas obsessões. A retratação deste universo pós-moderno, em que o toca-discos de vinil convive ao lado de um notebook, reitera que, diante de uma sobrecarga de informações que incentivam o hedonismo, nunca o mundo passou por tanta falta de identidade.

Elenco: Com Michael Fassbender e Carey Mulligan

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