Redação Publicado em 06/08/2009, às 14h32 - Atualizado às 14h32
Daniel Filho
Tony Ramos, Dan Stulbach
A Hora do Carrasco
Tortura e duelo psicológico são elementos de filme poderoso
A história baseada na peça Novas Diretrizes em tempo de Paz é rica, complexa e o diretor Daniel Filho não desperdiça as implicações. No dia posterior à derrota da Alemanha na Segunda Guerra, Getúlio Vargas solta todos os presos políticos no Brasil, antes vistos como inimigos, e o fiscal de alfândega Segismundo (Tony Ramos) não sabe o que fazer com um imigrante polonês (Dan Stulbach) que acaba de chegar no porto. Ele suspeita que talvez o polaco seja um carrasco nazista, e até se identifica com ele, porque também já foi torturador. Acontece que o recém-chegado é apenas um ator de teatro. Nunca cometeu maldades, apenas representou personagens vis. E ele fica assombrado com o jeito como aquele simples fiscal se ergue à sua frente e monstruosamente relata casos de podridão e sofrimento com prazer. É um dos mais vigorosos filmes brasileiros dos últimos anos, e é bem capaz de provocar discussão, emoção e admiração – em grande parte por causa da atuação de Dan Stulbach como esse imigrante/ator. Algumas das cenas de Stulbach, como quando diz ao torturador que nunca imaginou que pudessem existir palavras tão horríveis em português como as que ele aprendeu em polonês na guerra, tem uma vibração e uma beleza dura. E aí tenta convencer o carrasco que só a arte pode aliviar o peso das atrocidades criadas pelo homem. Não será tarde demais para tanto? O braço de ferro entre o artista e o carrasco é tenso, seco, com uma guinada sensacional no final.
POR HAMILTON ROSA JR
Custódia
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