O desconhecido Gabriel Macht intepreta o personagem-título: exageradamente fi el à fonte - Divulgação

The Spirit

Redação Publicado em 07/01/2009, às 18h49 - Atualizado em 10/03/2014, às 13h45

Frank Miller

Gabriel Macht, Eva Mendes, Samuel L. Jackson, Scarlett Johansson

Adaptação de clássico das HQs cai na armadilha de querer ser fiel a qualquer custo

The Spirit não é um filme de fácil digestão, e essa dificuldade pouco (ou nada) tem a ver com o total desconhecimento do grande público sobre o protagonista: um espírito mascarado, bem vestido e mulherengo, o detetive foi criado nos anos 40 pelo artista-mito Will Eisner. Não é nada anormal se a atual geração, criada a leite com pêra, Batman e Dragon Ball, ignorar a mitologia em torno do herói indestrutível e suas nem sempre claras motivações. Nem faz diferença, já que o diretor Frank Miller é um excelente contador de histórias. Autor de obrasprimas do gênero (Sin City, O Cavaleiro das Trevas, Ronin), ele se entrega pela primeira vez à direção solitária de um longa (a outra experiência foi com Robert Rodriguez, em Sin City). O resultado deixa evidente que, como cineasta iniciante, Miller é mesmo um excelente quadrinista. É até óbvio que seus enquadramentos, inteiramente baseados nos storyboards que ele próprio desenhou, acabem deixando o filme mais parecido com uma HQ filmada do que qualquer coisa. Também são questionáveis as opções pelo visual estilizado – às vezes, o mesmo jogo de contrastes de cor de Sin City, que aqui não soa novo e mais enjoa que surpreende – e pelo nonsense (característica da obra original) e o humor surrealista de desenho animado. Somados, esses aspectos só potencializam a sensação de desencontro, como se o conteúdo não ornasse exatamente com a forma. É bem divertido, mas é mais estranho ainda.

PABLO MIYAZAWA

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