Redação
Publicado em 10/11/2010, às 13h29 - Atualizado em 12/11/2010, às 02h08Gonçalo Júnior
Peixe Grande
A briga do governo militar brasileiro contra as revistas eróticas
Os detentores do poder no Brasil no período 1964-85 não reprimiram apenas a música, o jornalismo e a literatura de oposição. Quadrinhos e revistas eróticas também estavam na mira da censura. Este exaustivo livro (quase 500 páginas) é o relato do trabalho de guerrilha feito por editoras pequenas, que, ao teimosamente colocar nas bancas qualquer coisa que tivesse ligação com sexo ou nudez, pagavam um alto preço por isso. Pode parecer bizarro, mas vários setores linha-dura do governo, mesmo naqueles tempos de revolução sexual e liberalização comportamental, ligavam o erotismo a subversão e comunismo. Os editores, quadrinistas e artistas Minami Keizi e Claudio Seto, ambos de ascendência nipônica, são os verdadeiros heróis aqui, dois profissionais que muitas vezes arriscaram tudo o que tinham para levar à frente suas ideias. O interessante é que Keizi e Seto, apesar de sua ligação com o universo “da sacanagem”, também foram responsáveis por terem introduzido o mangá em nossa terra. O livro é uma vertiginosa viagem pela cultura do Brasil das décadas de 50, 60 e 70, iniciando nos tempos dos chamados “catecismos” sexuais e terminando na época em que as revistas masculinas recheadas de pelos pubianos começaram a marcar presença nas bancas de jornais.
Por Paulo Cavalcanti