A Morte de Bunny Munro

Redação

Publicado em 08/09/2010, às 21h16 - Atualizado às 21h17
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- Reprodução

Nick Cave

Record

Músico cria novela encharcada em atmosfera embriagada

Em seu segundo romance (primeiro publicado no Brasil), o líder do Bad Seeds aborda um universo esfumaçado semelhante a o de suas canções, regado a muito álcool e ambientado em quartos de hotéis baratos. Como o título indica, narra os últimos dias de Bunny, um vendedor ambulante que tem o apetite sexual de um coelho. Em suas viagens, traça todas que encontra pela frente e , nos raros momentos de abstinência, fantasia com a vagina de Avril Lavigne ou com os shorts agarradinhos de Kylie Minogue. Essa vida de fazer inveja a Tiger Woods é a balada pelo suicídio de sua mulher depressiva – sim, ele é casado –, o que o deixa responsável pelo único filho. O canalha não hesita e cai na estrada com o garoto de 9 anos a tiracolo, sem deixar de aprontar das suas. Mas, envolto em um inferno astral, as curvas do destino não se mostrarão mais tão atraentes. A narrativa de Nick Cave é ágil, por vezes violenta, o que acaba comprometendo a costura entre algumas cenas. Mas nem por isso deixa de ser intrigante, divertida e comovente – especialmente no que diz respeito ao relacionamento entre pai e filho. Com um quê de Charles Bukowski e Edward Bunker, Nick Cave mostra que literatura também pode ter algo de punk rock.

Carlos Messias

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