Redação
Publicado em 11/10/2007, às 17h08 - Atualizado em 12/10/2007, às 16h12Morrer dói. Para quem vai
Existem maneiras decentes e quase indolores de morrer. Ivan Ilitch, o personagem desta novela considerada por alguns críticos como a mais perfeita da literatura russa e mundial, adoraria ter conhecido ao menos uma delas. Mas seu destino estava nas mãos de Tolstói que, aliás, regressou à literatura com este livro, depois de um tempo dedicado a uma obscura vida espiritual. O resultado é um relato angustiante e comovente das dores físicas e morais de um burocrata diante da doença e da morte. Em meio ao sofrimento, o escritor expõe os podres da mesquinha sociedade burguesa e é tão minucioso na descrição de ironias e pensamentos que, por vezes, a ficção nos engana, fazendo parecer que ele está falando do que vemos agora, hoje, e não dos russos do século 19. Enquanto a morte se avizinha e as máscaras ao seu redor caem, Ivan Ilitch questiona-se e no limiar da consciência entende sua solidão de forma tão intensa e bem escrita que acaba sendo a de todos nós.
Por Cristiane Lisbôa
Artes
Lev Tolstói
01
11
2006