Nick Hornby
Pablo Miyazawa Publicado em 12/09/2013, às 19h51 - Atualizado às 19h53
Obra soa distante, mas a mensagem permanece
Apesar de não ser um modelo de conduta, é difícil não ir com a cara de Rob Fleming. Ele nos ensinou que lampejos de comportamento paranoico são aceitáveis, se isso coincidir com autocrítica e senso de humor apurados; ter boa memória e saber contar histórias também são atributos válidos, mais até do que exibir conhecimento enciclopédico sobre música e cultura pop (isto, aliás, pode ajudar mais do que atrapalhar). Em Alta Fidelidade, o protagonista relembra fiascos amorosos, faz exaustivos exercícios de autocomiseração e elabora listas inúteis enquanto tenta dar sentido a uma trajetória sem propósito. Nick Hornby construiu habilmente um anti-herói com pinta de alter ego. Defeitos à parte, Rob é o cara que Nick no fundo gostaria de ser, com toda a carga emocional digna de um homem no alto dos 35, frustrado e sem um projeto de vida para chamar de seu.
Lançado em 1995, Alta Fidelidade virou o livro de cabeceira da última geração pré-internet, e, tal como uma luva virada do avesso, o atual relançamento evidencia as enormes discrepâncias entre as diferentes épocas. Em um mundo em que relações humanas são sustentadas por meio de redes sociais e a música é acumulada sem critério ou baixada sem culpa, o romantismo sincero de Rob evoca lembranças de tempos mais ingênuos que não voltam mais. Se a obra soa mais defasada do que deveria, pelo menos a mensagem essencial se conserva intacta: mesmo que a maioria das decisões que tomarmos for equivocada, o final da história provavelmente será feliz, embalado pela trilha sonora de sua vida.
Fonte: Companhia das Letras
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