Em romance niilista, ex-roqueiro exorciza fracasso e angústia. - Divulgação

Biofobia

Santiago Nazarian

Christian Petermann Publicado em 11/09/2014, às 12h01 - Atualizado às 16h41

O fato de a epígrafe de Biofobia ter sido extraída do filme Anticristo, de Lars von Trier, já define a essência da obra. A narrativa é dominada pelo tom niilista presente no filme dirigido pelo dinamarquês e também reflete a noção de terror apresentada na produção. Indo além, a persona e o comportamento polêmicos do cineasta se projetam enquanto criador na figura controversa do próprio escritor, Santiago Nazarian, e enquanto personagem na construção narcisista e instável do protagonista, André. Ele é um roqueiro quase cinquentão, que teve breve momento de fama e hoje rumina o fracasso. Depois do suicídio da mãe, uma escritora premiada, André passa momentos na casa isolada em meio ao mato em que ela vivia. A jornada existencialista se dá em frases curtas e em longas digressões interiores, que podem ou não ser reais devido à natureza junkie do protagonista. Nazarian arma esse mergulho com muitas referências musicais e literárias, que ajudam a definir a ambientação geral. O leitor é levado a uma (por vezes incômoda) intimidade com a sanidade de André e no final é deixado em suspenso – nada mais adequado à percepção de mundo do escritor.

Fonte: Record

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