Redação Publicado em 11/10/2007, às 17h14 - Atualizado em 12/10/2007, às 14h58
Colidouescapo
Ou a poesia quebra a cara ou sai dessa mais rica
Pense na proximidade destes sons: colidouescapo e caleidoscópio. Essa é a "invenção" de Augusto de Campos e seu irônico Colidouescapo. O "livro", que repete o projeto gráfico original de 1971, vem encapado em dobradura de papel-cartão e miolo em folhas soltas dobradas - permite que a poesia seja reconstruída pelo leitor (jogo lúdico e função poética) formando palavras, quase sempre inexistentes no dicionário. O que se busca aqui é o estranhamento e novos paradigmas. Augusto, um dos expoentes do Concretismo (junto com o irmão Haroldo e com Décio Pignatari), leva a poesia à sua forma mais sintética e propõe que o leitor faça a sua "despoesia". Revelador aqui é o poema central ser a palavra "desesprezo". Desprezo (não prezo a) pela poesia formal, descritiva, parnasiana. A experiência nos remete à morte da poesia, mas não é. Colidouescapo colidiu e escapou: a poesia permanece.
Por Antônio do Amaral Rocha
Artes
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