Do Fundo do Poço Se Vê a Lua

Redação

Publicado em 06/08/2010, às 07h02 - Atualizado às 07h02
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- Divulgação

Joca Reiners Terron

Companhia das Letras

Narrativa de viagem mistura realidade e delírios na distante cidade do Cairo

O autor enfrentou um desafio quando assumiu o compromisso do projeto Amores Expressos, que enviou autores para diversas partes do mundo e da experiência teria que resultar uma obra literária. Daí se originou Do Fundo do Poço Se Vê a Lua, um romance de viagem cuja paisagem é a sufocante Cairo, onde se passa o conf lito entre dois irmãos gêmeos univitelinos, um deles (Wilson, o narrador), sensível e senhor das peripécias, e o outro, William, descrito como despido de senso e de inteligência. Os ambientes, tanto do Cairo como de São Paulo, se imbricam como se o narrador estivesse em delírio. Pela quantidade de temas que permeiam o livro – troca de sexo (Elizabeth Taylor/Cleópatra, como ícone decadente), rudimentos de física, bares enfumaçados, fundamentalismo religioso, guerrilheiros, amnésia, assassinos, culpa –, corria-se o risco de um embananamento da narrativa. Poderia se imaginar que tamanha mistura – o Egito traz um imaginário exótico e kitsch para o Ocidente – trouxesse certas dificuldades. Na verdade, essa profusão de referências ajuda a compor um caleidoscópio pós-moderno. Joca deixa revelar a perplexidade (desejável na boa obra de arte) sobre o sentido da vida e das coisas.

Antônio Amaral Rocha

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