Luis Fernando Verissimo
ANDRÉ RODRIGUES
Publicado em 12/12/2011, às 08h34 - Atualizado às 09h25Coletânea de crônicas de escritor gaúcho fala de um pouco de tudo
Aos 75 anos, a regularidade da produção e a qualidade da obra de Luis Fernando Verissimo impressionam. É como se o Barcelona jogasse bem e papasse títulos com a mesma competência durante 40 anos seguidos. Com bons romances, criativas tiras (Ed Mort e As Cobras) e personagens emblemáticos (Analista de Bagé, Velhinha de Taubaté), ele também se destaca como roteirista de TV, músico e astro tímido de palestras e feiras literárias. A força motriz de seu sucesso vem das crônicas publicadas em diversos órgãos de imprensa do país. De 350 dessas peças literárias escritas nos últimos cinco anos, foram selecionadas 41 para rechear Em Algum Lugar do Paraíso. A primeira, que dá título à coletânea, é uma contundente reflexão sobre o tempo a partir das ações de um solitário Adão. George Clooney, uma tia sexy, suflês de queijo, um “negro grande chamado Rosca” e bonecas infláveis se juntam a um elenco de anônimos em histórias sempre divertidas e surpreendentes. Com narrativas curtas e frases marcantes, o autor dá conta de tratar de temas corriqueiros (um jantar, um fechar de zíper, um olhar) e também de fazer profundas indagações sobre a condição humana (a morte, a velhice, o livre-arbítrio). Saltando entre diálogos, textos na primeira pessoa e insinuantes histórias sobre relacionamentos, Verissimo continua afiado e demonstrando inesgotável habilidade ao jogar com a língua portuguesa.
Fonte: Objetiva