Redação
Publicado em 04/02/2010, às 11h48 - Atualizado às 11h49Luiz Ruffato
Companhia das Letras
Autor conta as desventuras de um imigrante brasileiro em Lisboa
Esta obra está continuamente ligada a uma tradição da narrativa mineira que remete a grandes nomes como Cyro dos Anjos. Nela, a história importa tanto quanto o estilo, que se aproxima de uma conversa casual, tal a fluidez da leitura. A obra faz parte do projeto Amores Expressos, em que autores viajaram pelo mundo com a obrigação de escrever um livro ambientado no país de destino. Luiz Ruffato desembarcou em Lisboa. Em sua obra, Serginho é um homem do povo de Minas, da pequena Cataguases. Um provinciano que decide tentar a sorte como imigrante em Portugal, iludido com a promessa de fazer dinheiro por lá e voltar como uma espécie de herói redivivo. A intenção é fugir do fracasso de um relacionamento, da mesquinhez do cotidiano, das amolações da família da ex-mulher. No novo país, ele passa por tudo que um imigrante inculto costuma passar: o subemprego, a humilhação, o choque com o sonho desmoronado. Para completar, ainda se envolve com uma prostituta brasileira e é enganado. A redenção não vem e o caminho de Serginho se torna só de ida. A beleza estilística da obra está na gradual transformação do léxico do protagonista. Depois que chega a Portugal, seu falar com traços marcadamente do interior de Minas vai ganhando contornos lusitanos, incorporando a absorção da própria pessoa pelo ambiente, retratado com habilidade pelo autor.
Maurício Duarte