Vanessa da Mata
Antônio do Amaral Rocha Publicado em 13/11/2013, às 11h37 - Atualizado às 11h40
Em primeiro livro, cantora se aventura na literatura com narrativa fantástica
Existe um quê de tempo parado, simultaneamente fantástico e mágico, no lugar onde se passa o enredo desta primeira experiência de Vanessa da Mata na literatura. A narradora de A Filha das Flores, a menina Giza, de codinome Flor de Laranjeira, passa o tempo todo a imaginar como seria outro lugar, enquanto cuida de uma plantação de flores, matando formigas e atendendo às encomendas. A personagem é atenta às coisas pequenas, reflete sobre tudo e mostra consciência do lá fora, aqui metaforizado por um bairro, um pouco distante da cidade, que não passa de uma zona de meretrício. Nas fugas para esse lugar, por curiosidade, Giza acaba encontrando a alegria, a amizade, o primeiro amor, a primeira experiência sexual e também a primeira decepção amorosa. Constata-se certo deslocamento entre a experiência vivida e as pontuações da narradora-personagem que, dada sua condição, sabe mais do que deveria saber. Aí reside o problema deste tipo de romance, em que o autor deixa a obra se contaminar por vivências pessoais. Mas fica rapidamente evidente a habilidade de Vanessa em narrar uma história que mescla fantasia e realidade por meio de um olhar especial – em certa medida, cruel e irônico – sobre alguns dos personagens que habitam o nosso mundo.
Fonte: Companhia das Letras
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