Redação
Publicado em 11/06/2009, às 13h41 - Atualizado às 16h20Nick Hornby
Nick Hornby
De forma bem-humorada, autor mostra seu lado obcecado pelos livros
Primeiro, é preciso esclarecer uma coisa: Frenesi Polissilábico não é crítica literária. É sobre a experiência da leitura. Mais especificamente, o que isso implica para seu autor, o inglês Nick Hornby – que usa os livros para falar de si mesmo. A obra reúne artigos escritos entre 2003 e 2006 para sua coluna mensal, “Stuff I’ve Been Reading”, da revista americana The Believer. E agora ganha edição nacional. Antes de cada texto, ele separa em listas os títulos comprados e os lidos naquele mês. Quase nunca elas coincidem. O bom humor com que Hornby encara isso mostra desde o início a familiaridade que ele quer estabelecer na relação autor-leitor-livros. Para ele, a leitura crítica de um livro é inseparável da diversão que a obra pode proporcionar. Além disso, afirma que tudo inf luencia a percepção de uma leitura, inclusive fatores externos: cansaço, dor de cabeça, fora da namorada. As digressões sobre música e futebol são uma atração à parte. Hornby demonstra, com inteligência e despudor, que é possível achar um clássico chato ou ter como critério básico para a escolha de um livro seu restrito número de páginas. Também não hesita em externar uma boa dose de antipatia por autores mais densos. Porém, isso vai exatamente de encontrocom sua tese de que nenhuma literatura é intocável. Certa vez, Bob Dylan, questionado sobre a intelectualização desuas canções, perguntou ao entrevistador se ele achava que alguém realmente iria ver um show se não estivesse buscando entretenimento. Embora fale de livros, o recado de Hornby é o mesmo.
MAURÍCIO DUARTE