Redação Publicado em 07/04/2009, às 13h42 - Atualizado em 08/04/2009, às 10h09
Pedro Martinelli
Editora Jaraqui
Retrato incisivo de uma Amazônia que está minguando
O fotógrafo Pedro Martinelli tenta ser imparcial em seu livro Gente x Mato. Com cliques precisos, líricos de tão documentais, ele descreve com perfeição inédita esse universo mítico. Mas as décadas de convívio íntimo do fotógrafo com os troncos, a comida, as ferramentas, as compras, as profissões, a moda – todos títulos de capítulos do livro – parecem convergir todas na parte final do livro, intitulada “Amazônia de quem?” Aqui, a descrição passa a ser um necrológio da floresta submetida a toda forma de predação. E as imagens de Martinelli assumem escancaradamente a denúncia. A indagação que legenda uma imagem de índios no Pará sintetiza todo o mal-entendido que é a Amazônia vista pelos jornais – e não das amuradas dos “gaiolões” que cortam os rios da região: “Você acha mesmo que a situação está ficando perigosa? Para quem”? O convite “Visite a Amazônia”, que aparece periodicamente, vira ironia. Que se torna epitáfio na última imagem do livro, em que a frase aparece sobre um paliteiro desolado de árvores mortas no Mato Grosso.
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