Redação
Publicado em 12/10/2007, às 16h07 - Atualizado às 16h20Inconsciência coletiva dos 70
Embora seja a década de 1980 a era perdida do Brasil, sobretudo por motivos econômicos, é a década de 1970 a que ainda permanece obscura na nossa consciência. As únicas memórias liberadas daquele tempo são os especiais do Fantástico, a disco-music, os mesmos episódios dos festivais de mpb e, volta e meia, a comum lamentação senil que diz que "na época da ditadura, as coisas eram melhores". Bem, ao menos no quesito humor e inteligência, podemos concordar em parte. Testemunhas da megalomania militar, de violações dos direitos humanos e do milagre econômico que perpetuou a riqueza entre as elites, artistas e intelectuais partiram para o exílio. Antes de se radicar em Londres, porém, Ivan Lessa, teve seu nome cravado na lápide do jornalismo cultural brasileiro. Ao lado de figuras como Paulo Francis, Millôr Fernandes e Henfil, entre outros, Ivan Lessa criou O Pasquim, legendário panfleto da contracultura dos anos 70. Os desenhos de ilustradores consagrados como Redi e Oswaldo Miranda formavam o par perfeito com as ácidas charges, criadas pelo exímio observador, sob influência de Mencken e Bernard Shaw. Ao slogan militar "Brasil, ame-o ou deixe-o", Lessa acrescentou "O último que sair apague a luz". "A cada quinze anos, o Brasil esquece os últimos quinze anos" e "O brasileiro tem os dois pés no chão, e as duas mãos também" são outras das frases impagáveis de Ivan presentes nessa compilação que, mesmo que tentem provar o contrário, nunca mais colocou nenhum dos quatro membros nessas terras.
Por Márcio Cruz
Literatura Nacional
Desiderata
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2007