Redação
Publicado em 10/11/2008, às 19h39André Midani
Editora Nova Fronteira
O homem que sabe demais, mas que simplesmente não conta
Se quisesse, André Midani poderia iluminar com sua autobiografia muitos aspectos ainda obscuros dos caminhos que a música feita no Brasil seguiu a partir da segunda metade dos anos 50. Não quis. Talvez o executivo mais importante da história da nossa finada indústria fonográfica, ele preferiu não emitir sua própria opinião sobre os fatos e as pessoas que menciona em seu livro. Foge de contar algum detalhe de bastidor um pouco mais ácido e passa rápido demais por acontecimentos históricos importantes, terminando todas as conversas antes do fim. Também não se preocupa em localizar o leitor em termos cronológicos – o que faz com que cada fato possa ter ocorrido tanto em 1959 quanto em 1985. Francês radicado no Brasil desde 1955, Midani esteve por traz de momentos fundamentais na nossa música. Contratou João Gilberto para gravar Chega de Saudade (1959) na Odeon, inaugurando a bossa nova. Bancou Araçá Azul (1972), o álbum mais experimental de Caetano Veloso, o antológico Elis e Tom (1974) e os sensacionais trabalhos pós-jovem guarda de Erasmo Carlos. No começo dos 80, investiu em nomes como Ultraje a Rigor e Lulu Santos, impulsionando e solidificando o BRock. Não trabalha mais com isso, mas ainda tem muita história para contar.
Marcus Preto