Julio Cortázar
Alexandre Duarte Publicado em 13/09/2012, às 10h49 - Atualizado às 10h52
Conto de autor argentino baseado em Charlie Parker ganha relançamento
Em mais de um de seus escritos, o autor argentino Julio Cortázar revela sua admiração pelo jazz. Seja em sua obra-prima, O Jogo da Amarelinha, seja no conto O Perseguidor, é o estilo de música norte-americano que move seus personagens expatriados, eternamente estrangeiros. O Perseguidor, publicado originalmente em 1959, tem como inspiração a vida e obra de Charlie Parker, o revolucionário inventor do be-bop. A vida de Parker é o molde para Johnny Carter, saxofonista norte-americano que está em Paris, vivendo de migalhas e enterrado no vício – aqui uma das falhas do livro, já que Cortázar sustenta, ingenuamente para nossos dias, que todo o tormento de Carter é em função da maconha, enquanto na vida real foi a heroína que destruiu Charlie Parker. Carter tem devaneios quando toca, às vezes mantendo uma estranha relação com o tempo, e é cercado por personagens que olham sua decadência de perto, mas tudo que conseguem fazer é admirar sua música. A história é contada em primeira pessoa por Bruno, crítico de jazz e biógrafo de Carter. E é com essa voz que o autor traça suas impressões sobre a obra do saxofonista Johnny/Parker, em momentos montando teorias que saem da ficção e beiram um ensaio. Apesar de Cortázar ser um grande escritor, não foi com este livro que ele conseguiu captar todas as nuances da obra de seu genial inspirador. Ainda assim, serve com registro da união de dois craques em campos diferentes de atuação.
Fonte: Cosac Naify
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