Joca Reiners Terron
Antônio do Amaral Rocha Publicado em 07/06/2013, às 17h37 - Atualizado às 17h39
Personagens disfuncionais são foco de narrativa bizarra
No novo romance de Joca Terron, a narrativa sufocante e densa espelha a vida mesquinha dos personagens envoltos em sentimentos como demência, insônia e delírio, que no final retratam um panorama de total incomunicabilidade. Uma criatura sombria que não se revela é o grande achado da trama. Um velho demente, uma cuidadora carola, um escrivão e um motorista de táxi e seus cães compõem a narrativa, onde existe crimes e um segredo a ser desvendado, que vai sendo contado a conta-gotas. O decadente, mas igualmente exótico bairro do Bom Retiro, em São Paulo, é o cenário do livro. Neste fascinante microcosmo, judeus, coreanos e bolivianos vivem o seu dia a dia de explorações mútuas. Percebe-se certo paradoxo: as observações do narrador-escrivão inventado pelo autor são argutos em demasia em relação ao universo que habita. Não há demérito nisso. Afinal, do que é urdida uma história senão dos elementos da cultura de quem a escreve e a inventa? A escrita de Joca Terron retrata um mal-estar narrativo que, às vezes, rechaça o leitor. Não há um herói, não há um personagem com o qual o leitor se identifique. Com desfecho surpreendente o romance provoca incômodo e desconforto. Talvez seja essa, entre outras, a função primordial da arte.
Fonte: Companhia das Letras
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