Redação
Publicado em 06/01/2010, às 10h44 - Atualizado às 10h44Samarone Lima
Casa das Musas
Relato recente sobre a vida em Cuba não chega a lugar nenhum
Lendo-se os relatos de Viagem ao Crepúsculo, tem-se a impressão de que o jornalista, ao conseguir comprovar uma tese sobre as mazelas da vida cubana, deuse por satisfeito, concluindo que tinha uma boa história a partir do que ouviu das pessoas nas casas onde se hospedou. Se esse era o seu propósito, não há dúvidas de que conseguiu aumentar o rol de opiniões que hoje, de alguma forma, desmontam as versões sobre as conquistas da revolução cubana. O problema que se coloca é que a análise de uma realidade social não pode ser ancorada num só ponto de vista. E, ainda quanto à formulação de uma tese (ouvir a realidade do povo cubano), ela pode perfeitamente ter sido montada a partir das opiniões favoráveis/desfavoráveis que se colheram. Assim, o jornalismo nunca foi e nunca será isento e nesse caso faz uso do factualismo rebaixado, que é um recurso corriqueiro. Por isso, Viagem ao Crepúsculo é um relato desconcertante. Há que se destacar, em meio ao texto que flui sem maiores problemas, “metáforas” do tipo “gordinho de gravata e cara de punheteiro”, que, por mais que se esforce, não fazem sentido. Some-se a isso a titulagem bisonha da capa e a falta de cuidado na revisão: um hífen não é um travessão.
POR ANTONIO DO AMARAL ROCHA