- Taylor Swift (Foto: Andreas Rentz/TAS24/Getty Images)
Indústria artística

5 estratégias de Taylor Swift que mostram seu faro para negócios

Cantora americana não se destaca apenas pela popularidade entre seus fãs (e haters), mas também por como se comporta no show business

Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 12/08/2024, às 08h48

A grande relevância de Taylor Swift dentro da indústria artística não veio apenas por seu talento. A cantora e sua equipe têm demonstrado uma diferenciada visão de negócios ao longo de sua trajetória.

Isso pode ser visto em algumas estratégias adotadas pela musicista de 34 anos. Entre shows, catálogo musical e investimentos — a maioria em imóveis —, a jovem tem se mostrado um verdadeiro estudo de caso em termos de negócios.

Conheça, a seguir, 5 estratégias de Taylor Swift que mostram seu faro para negócios.

Mais de 100% da bilheteria

A The Eras Tour, iniciada pela artista em março de 2023 e com previsão de encerramento em dezembro de 2024, já detém o recorde de turnê mais lucrativa da história de acordo com o Guinness Book. A arrecadação ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão — curiosamente, valor próximo ao estimado da fortuna de Swift.

Uma das mais importantes estratégias financeiras de Taylor reside em demandar que mais de 100% do valor bruto arrecadado na bilheteria fique com ela, de acordo com informações da BBC. Ela também ganha em cima do merchandising e de produtos licenciados, que até agora renderam cerca de US$ 200 milhões.

Segundo a empresa Pollstar, cada apresentação traz, em média, 72 mil pessoas na plateia, cada uma pagando um ingresso médio de US$ 238 (aproximadamente R$ 1.180). Desta forma, é esperado que cada show da The Eras Tour gere em torno de US$ 17 milhões.

Gira tanto dinheiro em uma apresentação da artista que, mesmo assim, os promotores locais também saem no lucro. O faturamento vem com a venda de alimentos, bebidas e outros extras, o que geralmente se faz abrindo os portões do local com bastante antecedência em relação ao horário da apresentação.

Logística

As datas de Taylor Swift ao redor do mundo geralmente são concentradas em poucas cidades, por vários dias. Isso aconteceu recentemente em Edimburgo, na Escócia e em Liverpool, na Inglaterra, com três dias seguidos agendados em cada uma. No Brasil, em 2023, a mesma estratégia foi usada: três shows no Rio de Janeiro, três shows em São Paulo, sempre em dias consecutivos.

Dessa forma, a cantora consegue reduzir os custos de viagem, transporte e logística. Os fãs vão à a cidade em que ela está se apresentando, não o contrário.

Este não é um modelo inédito: outros artistas também o seguem em turnês, como Adele e Coldplay, que aplicou o método no Brasil – no início do ano passado, foram seis shows somente em São Paulo, além de outros dois em Curitiba e três no Rio de Janeiro.

Batendo de frente com o streaming

Atualmente, vários artistas vivem uma guerra contra os serviços de streaming por conta da remuneração. Taylor Swift talvez seja uma das pessoas com maior poder de influência para bater de frente com as grandes empresas — o que ela de fato fez.

Em 2015, ela conseguiu que a Apple Music alterasse uma regra interna: a empresa passou a remunerar os músicos pelo material ouvido por clientes não pagantes, que ainda estavam na fase de teste do serviço. Isso ocorreu após ela ter publicado uma carta onde explicava suas razões para não disponibilizar o álbum 1989 por lá (via TecMundo).

À Apple, com amor. Estou escrevendo isso porque quero explicar o motivo da não publicação do meu álbum, o 1989, junto do novo serviço de streaming, o Apple Music. Sinto que isso merece uma explicação, pois a Apple foi e vai continuar sendo uma das minhas melhores parceiras na venda de músicas e na criação de canais de aproximação entre eu e meus fãs. Respeito a companhia e as verdadeiras mentes engenhosas que criaram um legado baseado em inovação e na defesa de limites corretos", escreveu a cantora na carta.

"Tenho certeza de que vocês estão cientes de que o Apple Music vai oferecer um período gratuito de testes de três meses para qualquer usuário que decidir acessar o serviço. Não sei se vocês sabem que o Apple Music não vai pagar compositores, produtores ou artistas durante esses três meses. Acho isso chocante, decepcionante e que vai na contramão de uma empresa historicamente progressista e generosa.

Isso não tem a ver comigo. Felizmente estou em meu quinto álbum e posso bancar a mim mesma, à banda, à equipe e todo o time de gestão fazendo shows ao vivo. Tem a ver com os novos artistas ou bandas que acabaram de lançar seu primeiro single e que não serão pagos pelo seu sucesso. Tem a ver com o compositor jovem que acabou de conseguir sua 'primeira oportunidade' que pensou que os royalties iriam ser pagos. Tem a ver com o produtor que trabalha sem descanso para inovar e criar, assim como os produtores da Apple que são pioneiros em seus campos... Mas (sic) não serão pagos por um quarto de ano pela reprodução de suas músicas.

Estas não são as lamentações de uma criança 'perturbada ou mimada'. Estes são os sentimentos ecoados por todos os artistas, compositores e produtores de meu círculo social que estão com medo de falar em público porque admiramos e respeitamos muito a Apple. Nós simplesmente não admitimos esse tipo de ‘política’.

Percebi que a Apple está trabalhando rumo a uma nova direção nos serviços de streaming pagos. Acho que isso este é um progresso notável. Sabemos o quão astronômico tem sido o sucesso da Apple e sabemos que esta companhia incrível tem dinheiro para pagar artistas, compositores e produtores pelos três meses de teste... Mesmo que o período seja gratuito para quem está testando o app.

Três meses é um longo tempo para que nenhum pagamento seja feito, e pedir para qualquer um trabalhar por nada é injusto. Falo isso com amor, reverência e admiração por tudo o que a Apple tem feito. Espero que eu possa em breve me juntar ao modelo promissor de streaming que pareça justo com aqueles que criam músicas. Acho que o Apple Music pode ser a plataforma que pode fazer a coisa certa.

Mas digo à Apple com todo o respeito que ainda não é tarde para mudanças de políticas e também das mentes daqueles que, da indústria da música, serão profunda e gravemente afetados por isso. Nós não pedimos iPhones de graça a vocês. Por favor, não peçam para que cedamos nossas músicas sem tipo algum de compensação.”

Dois anos depois foi a vez do Spotify ceder, permitindo que músicos liberassem lançamentos na plataforma apenas para o público assinante, que gera mais receita no serviço. Neste caso, ela boicotou a plataforma por quase três anos. Antes de tomar a decisão, disse o seguinte em um artigo do The Wall Street Journal:

As pessoas ainda compram álbuns, mas só aqueles que tocaram seus corações. (...) Pirataria, compartilhamento de arquivos e streaming reduziram a venda de álbuns drasticamente e cada artista lida com esse baque de um jeito diferente. Música é arte, arte é importante e rara. Coisas raras são valiosas. Coisas valiosas deveriam ser pagas.”

Regravações

Entre 2006 e 2017, Taylor Swift foi contratada pela gravadora Big Machine, que possuía os direitos das masters de suas gravações originais. Por lá, ela lançou seis álbuns. Quando o acordo se encerrou, ela migrou para a Republic Records, subdivisão da Universal.

Todavia, em 2019, a Ithaca Holdings, empresa de Scooter Braun, comprou a Big Machine — levando consigo todo o catálogo da artista até então. Por conta disso, ela anunciou de forma transparente que se aproveitaria de uma brecha no contrato para regravar todas aquelas músicas e relançar os discos em novas versões, já que ela manteve os direitos sobre as composições.

Contando abertamente histórias de bullying e injustiça que viveu no início da carreira, a cantora conseguiu convencer os fãs a comprar os “novos velhos discos” – todos relançados com os mesmos títulos, acrescidos de “Taylor’s Version”. A regravação mais recente até o momento é 1989 (Taylor’s Version), lançado em 2023. O original saiu em 2014.

Surpresas bem feitas

Com toda essa influência e conhecimento no business, seria estranho se Taylor Swift não tivesse também um marketing de altíssimo nível. De acordo com o Meio e Mensagem, um bom exemplo foi o lançamento de 1989, que contou com “sessões secretas” de audição em algumas cidades dos Estados Unidos.

Geralmente, tais eventos são restritos a algumas pessoas da imprensa e da indústria musical. Porém, a cantora inovou.

Vasculhando as redes sociais, Taylor procurou por comentários de fãs e convidou alguns deles para os eventos. A própria artista esteve em todas as datas e proporcionou a essas pessoas um encontro e uma conversa descontraída com ela a respeito de sua obra.

A ação funcionou muito bem e alavancou a venda do álbum, dias antes do lançamento oficial. Além disso, gerou fidelização e conexão com os fãs.

Taylor, vale destacar, tem ótima performance comercial nos formatos antigos de música, incluindo até mesmo os hoje supervalorizados discos de vinil, que muitos fãs compram mesmo sem ter vitrola para tocá-los.

Colaborou: André Luiz Fernandes.

show Taylor album swift The Eras negocios

Leia também

Avenged Sevenfold celebra 25 anos de carreira com museu virtual


Justin Bieber compartilha homenagem comovente a Liam Payne; veja


A missão relacionada a John Lennon que Sean Ono Lennon acredita ter


A música que fez o Metallica ser acusado de “se vender” pela 1ª vez


A opinião crítica de Billy Joel sobre o próprio hit “Piano Man”


A surpreendente opinião de Kate Bush sobre o punk rock