Com influências europeias e africanas, a música no Brasil passou por diversas mudanças, do Classicismo, às óperas e ao lundu
Pamela Malva Publicado em 07/09/2022, às 11h00
Nesta quarta-feira, 07 de setembro, comemora-se os 200 anos da Independência do Brasil, proclamada por Dom Pedro I às margens do Rio Ipiranga. Depois daquele dia, em setembro de 1822, a política brasileira sofreu uma mudança drástica, conforme o país deixava de ser uma colônia para se tornar uma nação. Mas o que aconteceu com a música nacional?
No final do século 18, a urbanização da Capitania das Minas Gerais favoreceu um amplo crescimento da música brasileira. Isso porque, com grandes extrações de ouro e diamantes, a região passou a atrair mais moradores que movimentaram a vida musical.
Fosse em âmbito público ou privado, religioso ou secular, a cultura brasileira recebeu diversas influências e surgiram as duas mais antigas orquestras brasileiras, a Lira Sanjoanense e a Orquestra Ribeiro Bastos. Tamanha era a consistência dos artistas que o cenário cultural mineiro da época passou a ser classificado como Escola Mineira.
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Em 1808, no entanto, a cultura brasileira sofreu uma grande reviravolta, com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro. O estado tornou-se um enorme centro cultural e novas tendências surgiram no cenário musical do país, dessa vez bem mais classicistas.
Acontece que, ao viajar para o Brasil, a corte trouxe consigo a biblioteca musical dos Bragança, além de dezenas de músicos e cantores de Lisboa e da Itália. Na mesma época, Dom João VI exigiu que fosse construído o Real Teatro de São João e surgiram ainda grandes nomes da música nacional, como o compositor e padre José Maurício Nunes Garcia.
Já no cenário das clássicas modinhas, que entoavam sobre romantismo e amor, Gabriel Fernandes da Trindade destacou-se com grandes obras. Bastante comum em comemorações dos salões imperiais, a modinha logo conquistou a população brasileira.
A riqueza cultural da época, no entanto, esvaiu-se com o retorno de Dom João VI para Portugal. E, apesar do amor que Dom Pedro I sentia pela música — sendo ele mesmo um compositor — a proclamação da independência havia criado um instável cenário econômico no país, que não dava muito espaço para luxos.
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Em meio ao contexto complexo, então, surgiu o Romantismo e alguns de seus maiores representantes, como Francisco Manuel da Silva — que ainda compôs um hino nacional, logo depois da abdicação de Dom Pedro I, em 1831. Já na ópera, gênero que atraiu muitos músicos da época, Antônio Carlos Gomes destacou-se com composições nacionalistas.
Em Recife, São Paulo e Salvador, o clássico europeu bel canto conquistou os corações dos amantes da ópera e, em 1857, os brasileiros acompanharam a criação da Ópera Nacional. Para acompanhar as produções melódicas, o piano era o mais amado dos instrumentos.
Com referência ao século 19, também é importante citar o advento dos gêneros lundu e maxixe, ambos trazidos pelos escravos e importados pela cultura nacional. Com raízes no batuque africano, o lundu chegou a ser interpretado por diversos artistas em Portugal, mas acabou proibido por Dom Manuel, por ser “contrário aos bons costumes” da época.
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No Brasil, entretanto, após ser trazido por escravos angolanos, o gênero tornou-se a lundu-canção e passou a ser representado em circos e salões imperiais. De tão famoso no século 19, o gênero foi, inclusive, o primeiro a ser gravado no Brasil — graças ao cantor Baiano, que, através da Casa Edison, gravou a canção ‘Isto é bom’, em 1902.
O maxixe, ou tango brasileiro, por sua vez, nasceu de uma mistura de influências no Rio de Janeiro, contando com características do lundu, das polcas e das cubanas habaneras. Com melodias criadas pelos chorões, tornou-se uma das primeiras danças urbanas do Brasil e, até a chegada do adorado samba, chegou a ser o gênero mais relevante do Rio de Janeiro.
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