Sem citar nomes, guitarrista lamentou abordagem de músicos distintos e deixou claro vínculo com falecido colega e também com Geddy Lee
Igor Miranda (@igormirandasite)
Publicado em 17/03/2025, às 15h55Em 10 de janeiro de 2020, o mundo do rock recebeu a informação de que havia perdido um de seus heróis. Neil Peart, baterista e principal letrista do Rush, falecera três dias antes, aos 67 anos, em decorrência de um câncer no cérebro.
Naquele mesmo dia, minutos após a perda, os remanescentes da banda — Alex Lifeson (guitarra) e Geddy Lee (voz, baixo e teclados) — receberam mensagens diversas de bateristas que queriam ocupar a vaga deixada por Peart. Insensível, para dizer o mínimo.
Lifeson abordou o assunto em entrevista à rádio Q104.3 (via Blabbermouth). O guitarrista revelou tal informação após ter dito que Lee e ele tiveram que conversar “casualmente” sobre continuar com o grupo sem Peart. Nunca foi a intenção, mas eles precisavam deixar isso às claras.
“Somos bombardeados por isso [voltar ou não com o Rush] o tempo todo. Depois que Neil faleceu, não demorou mais do que alguns minutos para começarmos a receber e-mails de todos os tipos de bateristas que queriam fazer um teste para a banda, pensando que iríamos apenas substituir alguém com quem tocamos por 40 anos e que escreveu todas as letras de nossas músicas. Não sei o que algumas dessas pessoas estavam pensando. Então, sim, tivemos a conversa, porque não podemos evitar.”
O Rush chegou ao fim, mas a amizade entre Alex e Geddy continuou. De um jeito, aliás, até raro em comparação a outros músicos que compartilham a mesma banda por tanto tempo.
“Preciso falar com ele todos os dias. Nos reunimos para jantar, jogamos tênis, estamos fazendo todo esse trabalho de caridade juntos. Ele é meu melhor amigo. Nos encontramos, ele toca baixo, eu toco guitarra. Frequentemente vou na casa dele para tocar com ele e acabamos apenas sentados, tomando café e rindo o dia todo. Não é só Rush o tempo todo. Temos uma profunda relação de amor. Não é tudo sobre criar algo que fizemos no passado. Você nunca sabe o que a vida lhe traz. Agora estou super feliz fazendo o que estou fazendo.”
Nos últimos anos, Lifeson se dedicou a uma nova banda, Envy of None, que tem uma sonoridade mais inclinada ao rock alternativo. Stygian Wavz, segundo álbum do projeto, chegará a público no próximo dia 28 de março.
“Estou envolvido com muitas coisas musicais. Amo ser músico. Amo tocar guitarra. Não é apenas uma forma de ganhar a vida. Sou eu. Está no cerne da minha essência. Então não precisa ser sobre Rush ou Envy of None. É o que eu faço.”
O Rush realizou o último show de sua carreira em 1º de agosto de 2015. Os fãs não sabiam, mas a conclusão da turnê R40, que celebrou os 40 anos de carreira, também representava o fim de uma das bandas mais aclamadas da história do rock.
O encerramento das atividades foi um pedido de Neil Peart. O baterista e principal letrista do trio completo por Geddy Lee e Alex Lifeson sentia-se fisicamente desgastado. Queria descansar e aproveitar mais o tempo em casa.
Infelizmente, isso não se concretizou como o planejado: não demorou muito tempo até que Peart descobrisse em 2016 um raro câncer no cérebro, contra o qual lutou bravamente até não resistir em 7 de janeiro de 2020. Ele tinha 67 anos.
Desde então, uma parcela dos fãs tem pedido para que Lee e Lifeson resgatem o Rush com outro baterista. Mike Portnoy, integrante do Dream Theater e admirador declarado do grupo, é o nome mais comentado nas redes. Porém, de acordo com os remanescentes, uma reunião com um novo integrante nunca se concretizará.
Em entrevista à Classic Rock (via Guitar.com), Alex relembrou as curtas performances que fez ao lado de Geddy nos últimos anos, em especial os shows tributo a Taylor Hawkins (falecido baterista do Foo Fighters) na Inglaterra e nos Estados Unidos. Os eventos em 2022 deixaram o guitarrista empolgado, mas o sentimento logo passou. Ele explica:
“A energia estava fantástica em torno daquele show. Alguns dias, eu acordo querendo sair e fazer turnê novamente; outros dias, não. Por 40 anos o Rush incluiu Neil, e não acho que montar uma nova versão teria a mesma magia. Foi uma experiência incrível trabalhar juntos e fazer tanta música. Foi lindo o quanto nos amávamos, respeitávamos e nos divertíamos, mas tudo, sendo incrível ou não, morre eventualmente e ficamos com as memórias.”
Além de não fazer sentido voltar sem Peart, o fato de o Rush ter encerrado suas atividades no que Lifeson considera seu auge é algo importante. Para ele, “é melhor ser lembrado por esse legado do que retornar como a melhor banda cover do Rush”.
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