Vocalista e guitarrista contou como duas ondas de êxito comercial, separadas por uma década, foram recebidas de forma diferente pela banda
Igor Miranda Publicado em 01/05/2024, às 08h40
Não foi do dia para a noite que o Green Day conquistou o sucesso. Tem até quem pense que Dookie (1994), álbum responsável por sua fama mundial, tenha sido o primeiro de sua carreira. Engano: é o terceiro do catálogo geral, marcando a estreia apenas em uma grande gravadora, a Reprise.
O grupo foi formado em 1987 e chegou a ter outros nomes antes de se estabelecer. Billie Joe Armstrong (voz e guitarra) contou até mesmo com baixista e bateristas diferentes antes de Mike Dirnt e Tré Cool, respectivamente. Sean Hughes assumiu as quatro cordas entre 1987 e 1988, mesmo período em que Raj Punjabi sentou no banquinho da bateria. O instrumento percussivo ainda contou com John Kiffmeyer entre 1988 e 1990, gravando o álbum 39/Smooth (1990) e alguns EPs.
Embora não tenha surgido de forma repentina, o sucesso deixou marcas de todos os tempos em Armstrong, Dirnt e Cool. O primeiro falou sobre o assunto em entrevista à Guitar World, também refletindo sobre a segunda onda de êxito comercial com American Idiot (2004), uma década após Dookie.
Inicialmente, Billie Joe foi convidado a comparar os efeitos de Dookie e American Idiot na história do Green Day. O primeiro álbum citado, é claro, representou um desafio de compreensão maior para os músicos.
“Éramos tão jovens na época de Dookie. A parte do sucesso me deixou tão confuso que eu não sabia como reagir a isso. A vida mudou tão rapidamente que eu sempre pensava: ‘será que aproveitei esse momento o suficiente?’.”
Isso, inclusive, fez com que sua visão fosse diferente no segundo período de maior sucesso, com American Idiot.
“Então, acho que com American Idiot, o pensamento foi: ‘vamos tirar o máximo que pudermos deste momento, no que diz respeito a sentir gratidão e sentir que fizemos algo especial’. Porque sempre quisemos ter o que nossos heróis tinham, como The Who fazendo o álbum Tommy (1969) ou algo nesse sentido. Toda banda quer ter um momento do tipo Sgt. Pepper’s (menção ao cultuado álbum dos Beatles de 1967). American Idiot foi esse momento para nós.”
Ainda durante a entrevista, Billie Joe Armstrong comentou a respeito da evolução e da quebra de paradigmas de American Idiot. Em seu sétimo álbum de estúdio, o Green Day apresentou músicas mais elaboradas e longas, além de experimentar com um conceito.
São características que, aparentemente, não combinam com um disco punk. Mas eles fizeram encaixar.
“Éramos conhecidos por escrever músicas punk de dois minutos. De repente, aqui estávamos nós fazendo essas obras de oito minutos. Havia uma parte de nós que pensava: ‘deus, o que as pessoas vão pensar disso?’. Mas chegou a um ponto em que dissemos: ‘que se f#dam, é aqui que queremos estar’. Sabe? Tipo: 'pode nos dar uma nota 0 ou uma nota 10, não há meio-termo’.”
Por sorte, a nota geral foi 10. American Idiot vendeu mais de 6 milhões de cópias em todo o mundo e emplacou hits como Boulevard of Broken Dreams, Wake Me Up When September Ends, Holiday, Jesus of Suburbia e a faixa-título.
“Fizemos um pequeno show promocional depois de conversar com a KROQ. Divulgamos e lotamos o local. Essa foi a primeira vez que tocamos ‘Jesus of Suburbia’ (faixa com 9 minutos de duração). E eu lembro que houve quase choque na multidão, onde as pessoas ficaram tipo: ‘que p#rra eu acabei de ouvir?’. Não sei se isso foi bom ou ruim, mas parecia um momento em que poderíamos dizer: ‘ok, estamos no caminho certo, isso é bom’.”
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