- Eddie Vedder e Amy Winehouse (Imagem: Dan Kitwood e Theo Wargo/Getty Images)
Memória

A dura reação de Eddie Vedder à morte de Amy Winehouse

Vocalista do Pearl Jam acredita que cantora perdeu sua paixão pela música — caso contrário, teria se mantido saudável

Igor Miranda (@igormirandasite) Publicado em 23/07/2024, às 18h51

Era como uma tragédia anunciada; mesmo assim, o mundo lamentou em julho de 2011 a morte de Amy Winehouse. A cantora de “Back to Black”, “Rehab” e outros sucessos faleceu vítima de uma intoxicação alcoólica. Antes, teve sua vida particular amplamente coberta pela mídia por conta de anos sofrendo com o vício em drogas.

Vale lembrar que a artista, morta aos 27 anos, lutou contra a dependência química ao longo de quase todos os anos de sua vida adulta. Ela já tinha problemas quando estourou mundialmente com o álbum Back to Black, de 2006 — não por acaso, o hit “Rehab” fala sobre pessoas em seu entorno tentando fazê-la ser internada em uma clínica de reabilitação.

Chegou ao ponto de esse problema tornar-se público e visível, de modo que Amy surgia em estado deplorável nas ruas e até em cima dos palcos — como visto em seus shows no Brasil, já meses antes de sua morte, em janeiro de 2011.

Eddie Vedder testemunhou tudo isso com consternação. Para o vocalista do Pearl Jam — parte do movimento grunge, marcado praticamente desde a sua origem por perdas trágicas —, existem inúmeros culpados para Winehouse ter nos deixado tão cedo.

Em 2011, mesmo ano da morte da cantora, Eddie concedeu uma entrevista à Classic Rock para falar a respeito do documentário Pearl Jam Twenty, focado nas duas décadas de vida então completadas pela banda. No entanto, pediu para comentar, primeiramente, sobre o ocorrido com Amy.

Vedder revelou que no caminho para a entrevista, quase se envolveu em um acidente. Ele rapidamente se lembrou da morte da cantora, ocorrida apenas alguns dias antes daquela conversa.

Era uma estrada, uma descida na qual você vem bem rápido. Virei para fazer a curva e estava tudo parado. Tive de virar para o lado e o cara atrás de mim também fez o mesmo. Houve um acidente que ocorreu minutos antes deste a minha frente e bem mais grave, por isso todos estavam parados. Faz você pensar na vida, pensar no que aconteceu com a Amy Winehouse.”

Na sequência, o vocalista do Pearl Jam revelou considerar todos um pouco culpados pela perda precoce da cantora e se justificou. Além disso, defendeu a criação de regras no mundo da música para evitar casos semelhantes.

Sinto que de certa forma, todos têm uma parcela de culpa. Quase todos gostavam de ver aquelas fotos dela f*dida. Espero que quando tudo isso for desvendado, sejam feitas mudanças e leis que protejam as pessoas e tirem parte do poder daqueles que usam sua posição apenas para ganância, mesmo que isso signifique roubar a privacidade de alguém.”

Amy Winehouse perdeu a paixão pela música, segundo Eddie Vedder

Apesar da crítica envolver terceiros, Eddie Vedder também refletiu a respeito da própria Amy Winehouse. Para ele, a artista se foi tão cedo por ter perdido sua paixão pela música.

Caso isso não tivesse acontecido, em sua opinião, a cantora teria encontrado uma maneira de se manter saudável para continuar compondo e cantando. Ele disse:

Gravar discos leva tempo e para fazer turnês, você precisa estar saudável para aguentar as viagens e tocar para quantas pessoas puder à noite. Você mantém um certo tipo de saúde, no estúdio, leva tempo para gravar um disco. É uma pena, sem conhecê-la ou saber qualquer coisa sobre ela, que tenha perdido a conexão com a música ou não tenha sido gratificante como era no início, pois isso poderia ter a mantido mais saudável. Se você tiver um equilíbrio saudável no qual a música tem grande importância, se manterá saudável para fazer música.”

Previsão de Mick Jagger

Ainda em 2007, quase cinco anos antes de Amy Winehouse falecer, Mick Jagger compartilhou ao jornal The Sun algumas reflexões sobre a colega de profissão. O vocalista dos Rolling Stones fez uma previsão que, infelizmente, se concretizou. De início, afirmou:

Amy é uma artista brilhante que faz músicas fantásticas. Ela tem classe. Mas estou preocupado que ela possa morrer se seguir o caminho que tomou.”

Não era apenas um palpite de alguém que acompanhava as notícias: ele viu de perto a situação de Winehouse, pois ela chegou a participar de um show dos Stones no festival Isle of Wight, no início de 2007. A artista havia sido escalada para abrir a turnê que a banda faria na sequência, mas os problemas com a dependência química acarretaram em sua desistência.

Jagger, à época, lamentou muito a saída de Winehouse da turnê, especialmente porque a obra dela se conecta diretamente às influências dos Stones. Além disso, garantiu: poderia ter se afundado na dependência química se sua mente “não tivesse sempre dito para não exagerar”.

Colaborou: Augusto Ikeda.

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