Das cinzas de uma banda multiplatinada, surgiu um dos grupos mais elogiados do metal nos anos 2000/2010
Igor Miranda Publicado em 26/12/2023, às 09h04
O Creed se tornou um verdadeiro fenômeno de popularidade entre o fim da década de 1990 e início dos anos 2000. Para se ter ideia, a banda vendeu mais de 50 milhões de discos basicamente só com os três trabalhos que produziu neste curto período: My Own Prison (1997), Human Clay (1999) e Weathered (2001).
No entanto, do mesmo jeito que a banda estourou meio que “do nada”, suas atividades também foram encerradas de modo abrupto, no ano de 2004. Havia sérios problemas de relacionamento entre o vocalista Scott Stapp e os demais integrantes — o guitarrista Mark Tremonti, o baterista Scott Phillips e, à época, o baixista Brian Hestla, que ocupou a vaga deixada por Brian Marshall no ano 2000. Ainda que houvesse motivos para o fim, não dá para negar: encerrar um grupo no auge de seu sucesso é algo que deixa traumas.
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Curiosamente, porém, Tremonti e Phillips nem pareciam agir como se tivessem rompido com uma das bandas de maior sucesso da virada do século. No mesmo ano de 2004, eles ressurgiram com o Alter Bridge, banda que não só “resgatou” Marshall para o baixo, como também trouxe um novo vocalista: Myles Kennedy, então conhecido no cenário alternativo pelo trabalho com o The Mayfield Four, além de ter feito uma “ponta” como ator no filme Rock Star (2001).
2004, aliás, pareceu interminável para Mark e Scott. Eles romperam com o Creed, formaram o pesado Alter Bridge e, junto dos colegas, fizeram e lançaram o álbum de estreia do projeto, One Day Remains. Tudo aconteceu muito rápido para ex-integrantes de uma banda multiplatinada, não é mesmo?
Em entrevista ao site Igor Miranda, Tremonti reconheceu que, sim, toda a situação se desenvolveu rapidamente. O guitarrista explica que lamber as feridas e seguir adiante era uma forma de sobrevivência.
“Estávamos apenas tentando sobreviver naquela época. Você sabe, o Creed era uma banda de grande sucesso na época, mas quem sabia o que iria acontecer quando começássemos sozinhos? Então só queríamos ter certeza de que poderíamos continuar nossa carreira, seja em uma banda pequena ou grande, não importava. Nós apenas queremos continuar fazendo isso.”
Ainda durante a entrevista, Mark Tremonti contou de forma simples como o Alter Bridge foi formado. As bases da banda — que nunca repetiu o sucesso do Creed, mas se tornou bem mais elogiada pela crítica especializada que o projeto anterior — se firmaram de um jeito tão natural que, mais uma vez, nem parecia envolver ex-integrantes de um grupo multiplatinado. A história começa com o início das gravações do primeiro álbum:
“Lembro de montar um estúdio em minha casa e comprar tudo. Tinha essa mulher chamada Shilpa Patel, que era uma das instrutoras do programa de gravação Pro Tools. Ela escreveu alguns livros sobre como executar o Pro Tools e eu a contratei para me ensinar como fazer. Então eu aprendi a ser um engenheiro de som e compus e criei demos para o primeiro álbum.”
O guitarrista admitiu que já pensava em formar uma nova banda antes do fim do Creed ter sido anunciado. E o grande problema residia justamente na escolha do vocalista, já que o Alter Bridge era, basicamente, a formação inicial do outro grupo só que com outro cantor. Chegar até o nome de Myles Kennedy também foi um processo simples, ainda que demorado.
“Eu passei, sei lá, cerca de um ano e meio tentando descobrir quem poderia cantar nessa nova banda e vendo alguns cantores locais. Enfim, um dos meus melhores amigos disse: ‘você se lembra do Myles Kennedy do Mayfield Four?’. E ele pegou e colocou um dos CDs deles enquanto dirigíamos. Isso me lembrou o quão incrível ele era. Então entramos em contato com Myles, enviei a ele algumas das demos nas quais trabalhei e ele adorou. Foi assim que tudo começou.”
Em agosto de 2024, o álbum One Day Remains completará seu 20º aniversário de lançamento. Embora o Alter Bridge não tenha planos para o ano em questão — estará “hibernando” justamente para a nova reunião do Creed —, Mark Tremonti celebra o marco dizendo estar feliz por ter feito tantos trabalhos diferentes.
“Amo esse álbum. Fico feliz por ter experimentado todas essas possibilidades diferentes. Poder tocar no Creed, Alter Bridge e minha banda solo Tremonti, onde posso cantar… poder fazer o álbum Tremonti Sings Sinatra (com covers de Frank Sinatra) foi uma das coisas mais emocionantes que já fiz. Também tenho um disco de Natal (Christmas Classics New & Old) saindo, com coral, sinfonia… a maior produção que já fiz.”
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