Nasi é bastante crítico ao estado atual da música brasileira. O vocalista do Ira!, uma das maiores bandas de rock do Brasil, tem comentários fortes a respeito dos dois gêneros musicais mais populares do país na atualidade: o sertanejo e o funk.
Igor Miranda Publicado em 02/03/2024, às 11h00
O tema foi abordado pelo cantor em entrevista ao repórter Gabriel Zorzetto para o jornal O Estado de S. Paulo. Na ocasião, deixou claro que não busca ser “saudosista ou “pessimista” ao apontar que vários talentos ficaram no passado.
“É óbvio que existem jovens talentos, mas aquela era uma época de grandes letristas, como Renato Russo, que tocavam muito nas rádios. Hoje em dia o negócio é cantar com autotune [recurso que corrige erros e imperfeições vocais] e as vozes são todas iguais.”
Ainda sob o ponto de vista de Nasi, o forte domínio do sertanejo e do funk no cenário mainstream é negativo para a indústria musical. Especialmente porque, em sua opinião, ambos os gêneros trazem problemas artísticos muito notórios.
De início, ao discutir a “hegemonia musical”, fez críticas ao sertanejo:
“Todo movimento musical hegemônico faz mal para o próprio gênero. Quer falar de sertanejo? É Chitãozinho & Xororó pra trás. Isso daí não é música sertaneja. Todos com o mesmo timbre, anasalados. Fiquei chocado ao descobrir que existe um sujeito que compõe as músicas pros caras. Ele rima ‘beija’ com ‘cerveja’ e faz a fórmula.”
Em seguida, emendou comentários a respeito do funk carioca. Ele disse:
“E no funk carioca, ao contrário do rap – que tem conteúdo e reflete a realidade das periferias –, os MCs só falam de ostentação, um sexismo barato.”
Em outra entrevista, de 2023, conduzida pelo jornalista Marcelo Vieira para o site Igor Miranda, Nasi foi convidado a refletir sobre os motivos pelos quais tantas bandas brasileiras das décadas de 1980 e 1990 seguem lotando seus shows. Três empreitadas específicas foram destacadas, todas elas envolvendo algum saudosismo: a turnê de despedida do Skank, a reunião da formação original dos Titãs e o giro que celebra os 25 anos do Jota Quest.
Sem papas na língua, Nasi apontou o que significa tudo isso:
“Que a música de hoje está uma m#rda! [Risos] Está um lixo, cara!”
Ou seja: o interesse do público em canções antigas seria a prova de que o momento atual não é nada bom.
Na sequência, o cantor ainda comentou que o rock brasileiro da década de 1980 recebeu muitas críticas por sua alegada falta de qualidade. Para ele, o jogo acabou virando de forma bastante visível.
“Sabe aquela piada, ‘Antigamente era pior’? Porque criticavam muito o rock nacional nos anos 1980. Ouvi do Nelson Motta que ‘o rock nacional é a aids da música brasileira’. Então eu digo para você, antigamente era pior, depois foi piorando. [Risos]”
Recentemente, Nasi lançou o álbum solo RockSoulBlues. O trabalho reúne versões para músicas de artistas que serviram de influência para o cantor do Ira!. Erasmo Carlos, Martinho da Vila e Tim Maia estão entre os celebrados.
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