Vocalista sentia estar com um “alvo nas costas” depois que declarou estar em um relacionamento com outro homem há oito anos
Igor Miranda Publicado em 22/08/2023, às 21h00
No último mês de junho, Josh Kiszka, revelou fazer parte da comunidade LGBTQIAPN+ ao confirmar ter um relacionamento de oito anos com outro homem. Não foi uma mera revelação pessoal: o vocalista do Greta Van Fleet, uma das bandas de maior popularidade no rock a ter surgido nos últimos anos, disse que teve o intuito de chamar atenção para projetos de lei no estado americano do Tennessee que, em sua visão, prejudicariam a ele e a outras pessoas pertencentes ao grupo.
Apesar da coragem para declarar-se de tal forma, Kiszka esperava por uma reação mais negativa por parte dos fãs. Ainda mais por fazer parte do cenário rock, que nem sempre foi convidativo ao público LGBTQIAPN+.
Há quem possa mencionar alguns raros exemplos de artistas não-heterossexuais no rock, como Freddie Mercury (Queen), Rob Halford (Judas Priest) e Elton John. Contudo, é importante lembrar que muitos deles — como os três citados — só revelaram suas orientações sexuais após décadas. John, inclusive, chegou a manter um casamento que seria de fachada, nos anos 1980, com a engenheira de som Renate Blauel. O rock, claro, é um reflexo da sociedade, que nem sempre se mostrou totalmente aberta nesse sentido.
Fato é que Josh se surpreendeu com a reação positiva. Em entrevista à Rolling Stone EUA (via site Igor Miranda), o cantor começou admitindo:
“Eu estava preocupado. Eu sentia tipo: ‘bem, eu terei um alvo nas costas’. Você acaba se sentindo assim, infelizmente, mas é verdade.”
Em seguida, porém, revelou que durante o primeiro show da atual turnê, que promove o álbum Starcatcher, o público apareceu com bandeiras do orgulho LGBTQIAPN+. A apresentação foi realizada na Bridgestone Arena, em Nashville, Tennessee — justamente o estado com projetos de lei controversos para esta parcela da sociedade.
“Tudo foi recebido com amor, aceitação, humildade e respeito. Foi uma onda enorme de esperança de que as coisas estão caminhando na direção certa. Como alguém que se apresenta e entretém pessoas, um peso enorme foi tirado das costas. Porque, no fim das contas, seja como artista ou pessoa, todos queremos ser entendidos de alguma maneira.”
Ainda segundo o relato de Kiszka, os fãs distribuíram papel multicolorido para gerar um efeito visual na música “Light My Love”. Para combinar, o jogo de luzes da arena refletiu as cores do arco-íris.
Na publicação de junho, Josh Kiszka não se definiu como homossexual ou qualquer outra orientação sexual. Apenas declarou fazer parte da comunidade LGBTQIAPN+ por estar em um relacionamento de oito anos com o mesmo homem.
O artista protestou contra um projeto de lei recente no Tennessee, Estados Unidos, que tenta proibir shows de drag queen em propriedade pública ou em qualquer lugar onde menores de idade possam estar presentes. A medida foi considerada incondicional por um juiz federal. Outra iniciativa, assinada em março, proibiu cuidados de saúde com afirmação de gênero para crianças.
Em seu comunicado, o vocalista do Greta Van Fleet afirmou:
“Onde eu estabeleci residência no Tennessee, legisladores estão propondo leis que ameaçam a liberdade do amor. É imperativo que eu fale a minha verdade não apenas para mim mesmo, mas também na esperança de mudar corações, mentes e leis no Tennessee e outros lugares. Essas questões estão localizadas especialmente próximas do meu coração já que estou em uma relação amorosa e de mesmo sexo com o meu parceiro há oito anos. Aqueles próximos de mim estão bem cientes, mas é importante para mim compartilhar ao público.
Ao longo dos anos, a quantidade de amor pela comunidade LGBTQ+ foi imensa, mas ainda há trabalho a ser feito pelos direitos LGBTQ+ no Tennessee, na nação e no mundo. Como resposta ao apoio excepcional do meu último post, eu queria compartilhar como podemos contribuir com essa valorosa causa. A comunidade LGBTQ+ é um pilar cultural, constantemente celebrando a positividade e a aceitação através da arte, música, literatura, cinema e, mais importante de tudo, legislação. O maior dom mortal de todos nós é a nossa capacidade de amar e à medida que viajamos pelo tempo, que a nossa maior compreensão da questão ao redor e dentro de nós nos ensine a amar de forma cada vez mais profunda.”
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