A música que fez o Aerosmith voltar de vez na década de 1980

O início da década de 1980 não foi um período fácil para o Aerosmith. Em três anos, entre 1979 e 1982, a banda perdeu seus dois guitarristas e lançou um de seus álbuns mais contestados: Rock in a Hard Place (1982). A saída de Joe Perry, em especial, fez com que o grupo perdesse muito de seu poder de fogo em termos de composição, devido ao fim da parceria autoral com o vocalista Steven Tyler.

Perry saiu após a conclusão da turnê do disco anterior, Night in the Ruts (1979). Todavia, o relacionamento do guitarrista com a banda já estava desgastado antes.

Tyler e os outros se incomodavam com a presença constante de Elyssa, primeira esposa do músico, nas atividades do grupo. Joe, por sua vez, cita como motivo principal do rompimento a dificuldade para tornar real o álbum de 1979.

Em 1980, já fora do Aerosmith, Perry contou para a revista Sounds (via Ultimate Classic Rock):

Estava demorando tanto para o Aerosmith lançar aquele álbum e eu estava tão cansado disso, porque nesse meio tempo durante o verão, nós fizemos esses shows e não podíamos tocar nada do material novo, porque não estava pronto. Em vez disso, tivemos que voltar e tocar as mesmas velhas canções.”

Enquanto o grupo lutava para concluir Night in the Ruts, Perry começava a trabalhar no que seria o primeiro disco do Joe Perry Project, Let the Music do the Talking (1980). O guitarrista afirmou que isso o desanimou ainda mais em relação à situação do Aerosmith:

Eles diziam: ‘Por que não vai lá e ajuda Steven com aquilo?’ e eu dizia: ‘Já fiz minha parte, já escrevi as canções, está lá na fita. Sabe, o que mais vocês querem de mim?’. Então, chegou em um ponto em que liguei para Tom Hamilton (baixista) e disse: ‘Já era, não acho que vou poder estar na estrada com vocês dessa vez. Vou ficar com minhas coisas solo, não consigo mais’. Essas foram as últimas palavras oficiais que eu disse ao grupo.”

Joe Perry e Aerosmith: ninguém se deu bem

Além do primeiro álbum do Joe Perry Project, o guitarrista ainda lançou I've Got the Rock'n'Rolls Again (1981) e Once a Rocker, Always a Rocker (1983). Os resultados foram positivos, mas ficou claro que o material não tinha o mesmo poder da parceria com Steven Tyler.

Por outro lado, o Aerosmith, que também perdeu Brad Whitford em 1981, gravou apenas o criticado Rock in a Hard Place (1982). Mesmo trazendo os competentes Jimmy Crespo e Rick Dufay para as guitarras, o grupo não estava perto dos tempos de ouro da década anterior.

“Back in the Saddle”

A certa altura, o próprio Joe Perry estava insatisfeito com os rumos de seu projeto solo. Também não estava mais com Elyssa.

Sua nova parceira, Billie, era mais próxima do punk e curiosamente nunca tinha ouvido uma música do Aerosmith na vida — até que um dia a clássica “Back in the Saddle”, faixa do aclamado álbum Rocks (1976), tocou no rádio. A história da reunião, curiosamente, começa aí.

A própria esposa de Joe contou o que disse a ele ao Biography (via Far Out Magazine):

Para mim, fazia sentido. Quero dizer, você tocou com eles antes, apenas tente voltar a tocar com eles. E se não funcionar, não funcionou. O que você tem a perder?”

Dessa forma, em 1984, o Aerosmith encerrou a longa turnê de divulgação de Rock in a Hard Place com um show em sua terra natal, a cidade americana de Boston. Ao terminar a apresentação, Joe Perry e Brad Whitford se encontraram com os ex-colegas nos bastidores. Firmara-se, ali, as bases para uma volta que renderia um disco novo já no ano seguinte: Done With Mirrors (1985).

A química era evidente e os shows passaram a lotar mais com a formação clássica. Todavia, o Aerosmith ainda precisou de mais algum tempo para se reencontrar musicalmente.

A volta ao sucesso veio em 1986, quando a banda colaborou com o grupo de hip-hop Run-DMC em uma versão do hit “Walk This Way”, que foi um sucesso absoluto e ainda se mostrou pioneira na fusão entre rap e rock. Os álbuns Permanent Vacation (1987) e Pump (1989) sedimentaram o retorno ao topo.

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Colaborou: André Luiz Fernandes.