Antes do festival idealizado por Roberto Medina, o Brasil não tinha a tradição de realizar grandes shows internacionais
Igor Miranda Publicado em 13/02/2023, às 19h00
Antes da primeira edição do Rock in Rio, em 1985, o Brasil não fazia parte do mercado de shows internacionais. As poucas experiências ocorridas por aqui, com artistas e bandas como Alice Cooper, Peter Frampton, Kiss e Van Halen, foram marcadas por uma série de problemas que, no geral, causavam desconfiança.
Em função disso, Roberto Medina enfrentou uma série de obstáculos para fechar o lineup do Rock in Rio 1985. Em entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, concedida à GloboNews e disponibilizada no canal de YouTube do festival, o empresário revelou ter precisado da ajuda do cantor Frank Sinatra, em uma sacada incrível de um de seus funcionários, para poder fechar com atrações do porte de Queen, AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Rod Stewart, Yes, entre outros.
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Medina admitiu, inicialmente, que não planejou o primeiro Rock in Rio da forma ideal — foi uma ideia que ele teve “do nada”, para justificar sua permanência no Rio de Janeiro, visto que poderia estar morando no exterior àquela altura. Empolgado com o fim da ditadura militar no país, o fundador do evento pensou no conceito e notou que tinha o dinheiro necessário para investir no projeto. O problema era que ninguém achava que daria certo. Ele explica:
“Não existia cultura anterior de evento de música. Não tinha nada. Foi uma intuição, uma visão de um projeto... acho que o Rock in Rio me buscou, não fui eu que o busquei. Cheguei na agência, ninguém acreditava em mim. Um projeto de US$ 50 milhões. O Brasil não tinha luz, não tinha som... o maior show aqui tinha sido de 40 mil pessoas.”
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Ainda assim, Roberto Medina foi atrás de seu objetivo. Viajou para os Estados Unidos, montou uma apresentação em um hotel e entrou em contato com diversos empresários de artistas e bandas. Mesmo tendo o dinheiro para pagar os cachês, recebeu 70 respostas negativas em 60 dias.
Pensavam: ‘claro que não iria acontecer no Brasil... o Brasil tinha histórico de roubar equipamento nos poucos shows que rolaram, e vocês não pagam’. Nesses 60 dias, recebi 70 ‘nãos’.”
Entra em cena, então, o amigo Frank Sinatra, a pedido de Medina. O cantor ofereceu seu profissional de relações públicas, Lee Solters, para atrair atenção de jornalistas para o festival.
Solters pensou em uma coletiva de imprensa que anunciaria o Rock in Rio como o maior show de rock do mundo — e no Brasil, um local considerado “exótico” à época. Uma jogada de mestre, visto que artistas e bandas “fizeram fila” para assinar com o Rock in Rio. Roberto conta:
“Fiz uma conferência de imprensa no próprio hotel em que eu estava, Beverly Hilton. Lotou de jornalistas. No dia seguinte, todos os jornais americanos falavam: ‘o maior show do mundo, de rock, acontecerá no Brasil’. Aí as bandas fizeram fila na porta do hotel. Todas que recusaram fizeram fila em Los Angeles. O primeiro a assinar contrato foi Ozzy Osbourne. Ele estava na Inglaterra, o Oscar (Luiz Oscar Niemeyer, produtor-executivo) foi para lá. Depois, o Queen, que o Jim Beach, empresário deles, me ajudou muito. Mas em dois dias, estava tudo fechado.”
A entrevista completa pode ser assistida a seguir:
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