Graham Russell e Russell Hitchcock, que formam o Air Supply, apresentam-se no Brasil durante esta semana; a setlist deve contar com faixa de álbum inédito
Heloísa Lisboa (@helocoptero) Publicado em 16/04/2024, às 18h24
O Air Supply inicia uma série de shows no Brasil nesta terça-feira, 16, passando por Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo. "Elas amam a vida, amam o que a vida traz, amam música, amam música romântica, e é isso que amamos sobre as pessoas aí", disse Graham Russell sobre os brasileiros em entrevista à Rolling Stone Brasil.
O duo, também formado por Russell Hitchcock, esteve no país há menos de dois anos. Dessa vez, Pernambuco ficou de fora do roteiro, enquanto o Distrito Federal foi acrescentado.
Embora o último álbum de estúdio do Air Supply tenha sido lançado há mais de uma década, Graham afirmou que músicas inéditas podem aparecer na setlist, como "Can We Say I Do?".
"É sobre um casal. Eles voltam para onde o homem ou a mulher fez o pedido de casamento e estão em uma jornada sentimental", explicou o compositor. "Essa música é toda sobre como eles veem aquele lugar agora, o que eles dizem e como se sentem. Achei que era um ótimo tema para escrever uma música. É interessante o que eles dizem um ao outro e como reagem. É uma música linda."
A expectativa dos músicos era de que o disco estivesse pronto em março para ser lançado na íntegra em setembro deste ano. "É o primeiro álbum em 14 anos", destacou o guitarrista. "Esperamos ter uma boa recepção. Na nossa opinião, esse é, de longe, o melhor disco que já fizemos — e pode ser o último."
Em 2025, o Air Supply completa 50 anos, o que pode explicar o tom alarmante na declaração de Graham. Ele garantiu, entretanto, que tem "uma ótima amizade" com Russell e que "nunca teve uma discussão" com o vocalista.
"Eu posso compor músicas e Russell é o vocalista principal. Ele não quer escrever canções, e eu não quero ser o vocalista principal", explicou Graham quando perguntado sobre como Russell e ele conseguem manter uma banda há meio século. "Isso é perfeito! Temos a relação perfeita."
O artista ainda acrescentou que a distância facilita o relacionamento com Hitchcock: "Quando não estamos em turnê, nós não nos vemos. Ele vive a milhares de milhas de onde moro. Às vezes, ele me liga ou manda mensagem, mas não é com frequência, porque não precisamos. Assim, quando nos encontramos em turnê, temos muita coisa para conversar, planos para fazer, músicas para compor..."
"Eu tenho minha vida, ele tem a vida dele. Gostamos de coisas diferentes. Eu amo o campo, as montanhas... Russell é o oposto: ele gosta da cidade, onde tem muito trânsito e muita gente", continuou Graham, que concedeu entrevista via Zoom. Ao fundo, através de sua janela, era possível ver diversas árvores em um morro coberto de neve.
Ainda que a amizade — e a banda — funcione bem, Graham confessou que pensa "como seria se aposentar". "Todos os meus amigos com quem eu cresci, da minha escola, estão aposentados. Todo domingo, nós nos reunimos no Zoom", revelou.
"Eles perguntam: 'Por que você não se aposenta?' Eu amo tanto música e amo tanto tocar e escrever canções... Não consigo imaginar não fazer isso. Então, não tenho dúvidas de que estaremos tocando até que não possamos mais. Não sei quando isso será, mas não estou pronto para me aposentar. No meu coração, sinto que tenho 18 anos, mas tenho quase 74. Eu me sinto fantástico!"
Trabalho todos os dias e amo a vida. Não estou pronto para a aposentadoria. Quero ser como os Rolling Stones e como Paul McCartney, com seus 82, 83 anos. Pessoas como Mick Jagger, Keith Richards, McCartney, elas estão escrevendo a história do rock and roll.
"Making Love Out of Nothing at All" e "Lost in Love" são alguns dos hits do Air Supply que com certeza serão apresentados durante a passagem da banda no Brasil. A música preferida de Graham é também a de grande parte dos fãs da dupla australiana: "All Out of Love".
"A música foi lançada em 1980, isso é há muito tempo. Ainda aparece em filmes, sempre está em séries e comerciais. Então, a canção tem significado tanto para tantas pessoas ao redor do mundo...", começou.
Graham ainda foi sincero sobre uma das razões que o leva a gostar da faixa da década de 1980: "Essa música tem sido tão boa para a gente. Ela nos deu nosso estilo de vida, que nos permite continuar a fazer música e a fazer mais shows".
Não é apenas porque é a mais famosa. Quando ouço no rádio, quase todo dia, penso: 'Uau'. Soa tão bem, mesmo 45 anos depois, e eu tenho muito orgulho dela. Ela levou nossa música para o mundo. Sempre fechamos o show com ela. Quando começamos a tocar, ainda fico arrepiado. Essa música ficará por aí mesmo quando partirmos, o que espero que não seja agora.
Com 50 anos de carreira, Graham e Russell presenciaram "muitas mudanças" na indústria musical. Mesmo na "era digital", eles continuam gravando "à moda antiga": "Quando começamos, sempre gravávamos no estúdio, todos tocando ao mesmo tempo — e ainda fazemos isso. Não usamos computadores. Somos meio que como o Radiohead, eles fazem o mesmo".
Para o guitarrista, o encontro no estúdio proporciona "uma sinergia" que é transportada "para os palcos". "E há também as redes sociais", adicionou. "Por causa delas, mantivemos notoriedade com o passar dos anos, especialmente na última década, o que é ótimo."
Ele exemplificou o poder das redes sociais ao relatar uma ocasião em que pegou um avião e se sentou ao lado de um estranho. O passageiro perguntou ao músico qual era sua profissão. A princípio, "Graham Russell" não significou nada para o companheiro de viagem do membro do Air Supply. Bastou uma busca na internet: "Ele entrou na internet e disse: 'Meu Deus! Conheço suas músicas'. E eu disse: 'Eu sei que você conhece'", lembrou.
Graham opinou ainda sobre a inteligência artificial: "Você pode colocar uma inteligência artificial para cantar. Veja só os Beatles. Aquilo foi IA, e parece um pouco com John Lennon, mas não muito na minha opinião".
Paul McCartney, porém, esclareceu na época do lançamento de "Now and Then" que a voz real de Lennon foi usada na faixa. "Nada foi artificial ou sinteticamente criado. É tudo real e todos nós tocamos nela", escreveu o ex-Beatle, argumentando que a tecnologia foi usada para extrair vocais de uma demo antiga.
Been great to see such an exciting response to our forthcoming Beatles project. No one is more excited than us to be sharing something with you later in the year.
— Paul McCartney (@PaulMcCartney) June 22, 2023
We’ve seen some confusion and speculation about it. Seems to be a lot of guess work out there. Can’t say too much…
Sempre seremos old school e isso pode parecer um pouco antiquado, mas o amor e o romance é antiquado. É a coisa mais antiga do mundo. Sempre honraremos isso. Nunca vamos criar nada no computador. Isso não parece certo para a gente, mas não significa que não seja para outros artistas.
Sem dúvidas, o amor e o romance são a raiz das músicas do Air Supply. Graham admitiu que também adora e se inspira em filmes românticos e revelou que Em Algum Lugar do Passado (1980) é o seu favorito. "Encorajo os fãs a assistir. É lindo!", disse.
Estranhamente, a memória favorita de Graham Russell no Brasil envolve um assalto. Na primeira visita ao Rio de Janeiro, em 1982, o artista foi abordado por dois garotos, que "levaram o cartão de crédito e 50 dólares". Era noite e ele estava cansado da viagem.
"Fiquei muito feliz, porque parecia que eles realmente precisavam daquilo, e, então, eles desapareceram", rememorou. "Eu deveria ter tomado mais cuidado. Agora, quando vou à praia, sou mais cuidadoso e vou quando ainda é dia. Mas eu amo muito a praia e eu amo o Rio."
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